Lula escolheu Bolsonaro como adversário em 2022, e Bolsonaro se escolheu, ao indicar Flávio para presidente, como adversário de Lula em 2026. Inelegível até completar 105 anos de idade, se para tanto tiver saúde, ou Bolsonaro agia assim ou perderia a condição de o maior líder da direita no Brasil, embora preso.
Por que não Michelle ao invés de Flávio? Ela pontua melhor nas pesquisas de intenção de voto, é forte entre os evangélicos, atrairia o apoio das mulheres que nunca viram o bolsonarismo com bons olhos, e não tem telhado de vidro como Flávio. Ora, porque Michelle é mulher, e Bolsonaro não a controla inteiramente.
A primeira mulher de Bolsonaro, Rogéria, mãe de Flávio, Carlos e Eduardo, se elegeu vereadora pelo Rio em 1992 e se reelegeu em 1996 com o apoio do marido. Dada a gestos de independência, Bolsonaro decidiu derrotá-la nas eleições seguintes e lançou a candidatura de Carlos, que tinha apenas 17 anos.
O filho venceu a mãe, e esse trauma Carlos carrega até hoje. Bolsonaro separou-se de Rogéria e se casou com Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan. Amigos do casal contam que Ana Cristina traiu Bolsonaro e que por isso o casamento acabou. Bolsonaro ama Michelle e depende cada vez mais dela.
Ao fazer de Flávio seu herdeiro político, Bolsonaro liberou muita gente para ir cuidar da própria vida. Se antes Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, oscilava entre candidatar-se à reeleição ou à Presidência da República, já não oscila. Sempre disse que respeitaria qualquer que fosse a decisão de Bolsonaro.
Eram os partidos do Centrão que assediavam Tarcísio para que concorresse à Presidência. Tais partidos parecem dispostos a se concentrar doravante nas eleições legislativas e para os governos estaduais. Ronaldo Caiado, governador de Goiás, diz que manterá sua candidatura a presidente. Mas por qual partido?
O dele, o União-Brasil, que apoiaria Tarcísio, não pensa em ter outro candidato a presidente. O PP, do senador Ciro Nogueira, também não. Crescer no Congresso é o que lhes importa. Gilberto Kassab, presidente do PSD, seguirá dando corda na candidatura a presidente de Ratinho Jr., governador do Paraná. E Ratinho?
Nem o pai dele o aconselha a se candidatar. Ratinho tem uma eleição certa para o Senado. Por que trocá-la por algo incerto? A não ser que queira plantar a semente para uma nova candidatura a presidente em 2030. Quanto a Romeu Zema, governador de Minas Gerais… Ninguém acredita que ele possa vencer Lula.
Por enquanto, Lula está rindo à toa com o cenário à sua frente.
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