Anunciada em agosto do ano passado, a fusão entre Petz e Cobasi foi aprovada, nesta quarta-feira (10/12), pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Atualmente, as duas empresas são as maiores varejistas do país no mercado de produtos e serviços para animais de estimação.
Apesar da aprovação, o Cade impôs condições para o negócio, entre as quais a venda de 20 a 30 unidades no estado de São Paulo (a maioria na capital paulista).
Como foi a sessão no Cade
O relator do projeto no Cade, o conselheiro José Levi, recomendou a aprovação da fusão entre Petz e Cobasi com restrições. Ele mencionou a recente união entre iFood e Shopper, chancelada pelo órgão em fevereiro deste ano, como referência para a decisão.
“Pode não ser perfeito, mas eu sigo uma lógica que eu aprendi na academia: o ótimo é inimigo do bom. Nesse sentido, me parece bom o acordo”, disse o conselheiro.
O voto do relator só não foi acompanhado pela conselheira Camila Alves, para quem não há segurança sobre as lojas escolhidas para serem repassadas pelas duas empresas. “Mesmo após o remédio, vamos ter quantidade importante de mercados que se mantêm problemáticos”, observou a conselheira.
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Segundo Camila Alves, a fusão entre Petz e Cobasi foi “o caso mais difícil do varejo já analisado pelo Cade”.
Além da necessidade de venda de lojas, o Cade determinou outras medidas a serem cumpridas por Petz e Cobasi, como a restrição em cláusulas de exclusividade
Por meio de comunicado ao mercado, a Petz informou que o Acordo em Controle de Concentrações (ACC) proposto pelo Cade estipula a venda de 26 lojas em São Paulo, o que representaria 3,3% do faturamento da companhia combinada nos últimos 12 meses.
O que dizem Petz e Cobasi
Em comunicado divulgado após a decisão do Cade, Petz e Cobasi afirmaram que recebem com satisfação a aprovação pelo órgão regulatório.
Segundo as companhias, a avaliação técnica do Cade “reconhece que a operação preserva e estimula a livre concorrência no setor, em benefício direto do mercado, dos consumidores e de toda a cadeia pet”.
Área técnica do Cade aprovou fusão
Em junho deste ano, a Superintendência-Geral do Cade havia aprovado, sem restrições, a fusão entre a Petz e a Cobasi. O processo, no entanto, travou após a concorrente Petlove apresentar recurso apontando, entre outras coisas, suposta pressão sobre os fornecedores. O relator do caso no Cade pediu a ampliação do prazo para análise apontando a complexidade do negócio.
A combinação dos negócios das duas empresas ocorrerá por meio de reorganização societária. A Petz se tornará subsidiária integral da Cobasi e também haverá a unificação das bases acionárias das duas companhias.
A fusão será concluída por meio de um aumento do capital social da Cobasi Investimentos, no valor de R$ 270 milhões, por meio da emissão de ações ordinárias.
Uma parcela do preço de emissão das ações deve ser destinada à formação de reserva de capital. Depois do aumento de capital, ocorreria a incorporação total das ações de emissão da Petz pela Cobasi.
Na sequência, haveria o resgate da totalidade das ações preferenciais da Cobasi, com o pagamento do valor correspondente à parcela, em dinheiro, de R$ 270 milhões para os acionistas da Petz na data do fechamento da operação.
A fusão
A intenção das duas companhias de se fundirem foi anunciada ao mercado em agosto do ano passado. Desde então, o negócio repercutiu positivamente entre os investidores.
Em janeiro deste ano, o Conselho de Administração da Petz aprovou um aumento de capital de R$ 227,8 mil, por meio da emissão de mais de 216 mil ações ordinárias.
Segundo o comunicado ao mercado, o capital da Petz está avaliado em R$ 1,72 bilhão. O da Cobasi, em R$ 407,6 milhões.
Segundo as condições pactuadas no acordo, os acionistas da Cobasi devem receber 47,4% da nova companhiaempresa. Os da Petz ficarão com 52,6% e mais R$ 400 milhões, dos quais R$ 130 milhões distribuídos em dividendos.
A receita bruta anual da nova companhia deve ser de cerca de R$ 7 bilhões. A economia de custos estimada com a fusão deve alcançar R$ 330 milhões.






