
Às vésperas da paralisação anunciada para esta quinta-feira (4), um caminhoneiro viralizou nas redes sociais ao fazer um desabafo contundente sobre a mobilização nacional. Em tom direto, ele questionou a liderança do movimento, criticou a falta de pautas claras e afirmou que não aceitará “servir de boi de piranha” como em 2018.
Segundo ele, a responsabilidade de “parar o Brasil” não pode recair somente sobre os caminhoneiros. “Se é pra parar o Brasil, então que todas as áreas parem juntas: indústria, comércio, agricultura, servidor, transporte urbano… todo mundo”, comentou. Para o caminhoneiro, a categoria já lida diariamente com frete baixo, custos altíssimos, estradas inseguras, desvalorização e humilhações constantes — e não pode ser tratada como a única responsável pela mudança do país.
“Quem é essa liderança?”
No vídeo, ele questiona a representatividade de quem está convocando a greve:
“Dia 4 vai rolar a greve geral porque a liderança decidiu. Mas quem é essa liderança? O que vocês fizeram por mim? Onde vocês estavam quando eu precisei? Não faço ideia. É sindicato? Eu tenho 10 anos de caminhão e nunca vi ninguém me ajudar.”
O desabafo segue pontuando as dúvidas sobre as pautas da paralisação:
“Vamos parar por quê? É preço do frete? É diesel? É a humilhação que a gente passa nos embarcadores? Ou é política? Porque, se for política, que parem todos os setores. Aí não vai ter carga pra transportar e a gente para também.”
Ele também relatou o medo constante de abordagens nas estradas:
“Hoje, quando o caminhoneiro vê um PRF, ele não se sente protegido. Ele fica tenso, mesmo estando certinho. Vamos servir de boi de piranha de novo pra tomar esculacho e multa absurda?”
Caminhoneiros organizam paralisação nacional no dia 4 de dezembro
Enquanto o debate se intensifica, representantes da categoria confirmaram a greve para esta quinta-feira (4/12). O movimento tem sido articulado com o apoio do jurista e desembargador aposentado Sebastião Coelho, que afirma atuar para garantir respaldo jurídico aos manifestantes.
Chicão Caminhoneiro, da União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), reforçou que a pauta é exclusivamente trabalhista. “Nosso foco é trabalhista. Não é movimento político. Queremos ser respeitados e ouvidos”, disse em vídeo.
Na terça-feira (2), Chicão esteve no Palácio do Planalto, onde protocolou uma ação pedindo segurança jurídica para os grevistas. Sebastião Coelho assegurou que acompanhará todo o processo:
“Vamos garantir que os caminhoneiros exerçam seu direito constitucional sem represálias.”
As lideranças pediram que os motoristas respeitem o direito de ir e vir da população e sigam rigorosamente as normas de trânsito durante a mobilização.
Movimento tenta se dissociar de política
Apesar da presença de figuras ligadas ao bolsonarismo, como o próprio Coelho, os organizadores têm insistido que a paralisação não possui caráter partidário. Segundo eles, o objetivo é evitar que pautas profissionais sejam deslegitimadas por disputas políticas.
Entidades nacionais como a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e a Abrava ainda não confirmaram apoio à greve.
Possíveis impactos
Caso a adesão seja significativa, o movimento pode afetar o abastecimento e a distribuição de produtos em algumas regiões do país. No entanto, até agora, o cenário ainda é incerto — e a própria categoria segue dividida sobre a eficácia e os riscos da paralisação.






