24 dezembro 2025

Correios atrasam ao menos 30% das entregas às vésperas do Natal

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Às vésperas do Natal, a crise financeira enfrentada pelos Correios resultou em atrasos generalizados nas entregas de encomendas em todo o país. Levantamentos internos da estatal indicam que o índice de envios realizados dentro do prazo ficou abaixo de 70% em dezembro, com variações regionais entre 50% e 70%. Na prática, ao menos 30% das encomendas estão chegando com atraso, configurando o pior desempenho do ano.

Não há dados regionais consolidados que detalhem o impacto por estado. No entanto, a queda no desempenho logístico já vinha sendo observada ao longo de 2025 e se intensificou nas últimas semanas, especialmente devido às dívidas acumuladas com fornecedores e à paralisação de funcionários em estados estratégicos, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

Em Campo Grande, trabalhadores dos Correios avaliam aderir à paralisação nacional da categoria, com assembleia prevista para esta terça-feira, às 19h.

No início do ano, a estatal registrava média nacional de 97,7% de entregas dentro do prazo. Em dezembro, considerando dados até o dia 6, esse percentual caiu para 76,63%. Na medição diária do mesmo dia, o índice chegou a 68,15%, distante da meta oficial da empresa, fixada em 96%.

A greve, deflagrada por sindicatos regionais durante as negociações do acordo coletivo de trabalho, agravou gargalos logísticos justamente no período de maior demanda do comércio eletrônico. O cenário levou pequenos e médios varejistas, altamente dependentes dos Correios, a buscar alternativas no setor privado.

Indicadores de empresas de logística privada mostram a dimensão dessa migração. Na última semana, a Jadlog registrou crescimento de 25% no número de novos contratos, mesmo descontando a sazonalidade do fim de ano. Já a Loggi contabilizou um aumento de 54% no volume de envios realizados por pequenas e médias empresas apenas neste mês.

Especialistas avaliam que o impacto dos atrasos é ainda mais sensível no período natalino, quando os prazos são reduzidos e a tolerância do consumidor praticamente inexiste. O resultado tende a ser um desgaste adicional da imagem dos Correios e a perda de espaço no mercado. Estimativas apontam que a participação da estatal no setor de entregas já caiu para um patamar entre 40% e 50%.

Apesar da retração nos grandes centros urbanos, os Correios ainda mantêm forte presença em regiões de menor escala econômica, especialmente no interior do país, onde a atuação de empresas privadas costuma ser menos viável financeiramente.

Internamente, a avaliação da cúpula da estatal é de que a recuperação da qualidade do serviço depende do pagamento de dívidas atrasadas e da entrada de novos recursos no caixa, atualmente negativo. Para isso, está em negociação um empréstimo de R$ 12 bilhões com um consórcio de bancos públicos e privados, com expectativa de liberação de R$ 10 bilhões ainda até o fim do ano.

Os recursos devem sustentar um plano de reestruturação que prevê medidas como um programa de demissão voluntária para cerca de 15 mil funcionários, o fechamento de aproximadamente mil agências e a ampliação de parcerias com o setor privado para diversificar receitas. O anúncio oficial das ações foi adiado, aguardando a formalização do empréstimo.

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