
No dia 3 de dezembro, o mundo celebra o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Uma data que, longe de ser apenas simbólica, carrega histórias de dor, luta, resistência e conquistas mas também de retrocessos profundos. É um dia para celebrar avanços, sim, mas também para denunciar injustiças. Para reconhecer direitos, mas também para revelar o que ainda precisa ser urgentemente enfrentado.
Segundo o Censo 2022, o Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência, o equivalente a 7,3% da população com 2 anos ou mais. No Acre, são mais de 60 mil pessoas e um dado doloroso acompanha essa estatística: mais de 18 mil delas são analfabetas. Um reflexo claro de que a inclusão permanece distante do ideal e que o país ainda falha em garantir acesso à educação, oportunidades e dignidade.
Enquanto isso, outro número alarmante revela a gravidade da situação: a pobreza entre pessoas com deficiência cresceu seis vezes mais do que na população geral. Apenas nos últimos três meses, 135 mil pessoas com deficiência perderam sua única fonte de renda, deixando milhares de famílias em condições de extrema vulnerabilidade.
A causa desse cenário, segundo especialistas e movimentos sociais, está diretamente ligada às atuais decisões políticas em Brasília. Revisões agressivas, cortes e insegurança na concessão e manutenção do Benefício de Prestação Continuada (BPC) têm atingido justamente quem mais depende dele. Pessoas com deficiência e idosos em situação de pobreza estão vivendo um verdadeiro terror administrativo, temendo perder o único benefício que garante alimentação, remédios e sobrevivência.
A Rede Observatório BPC tem chamado atenção para o tema e reforçado a importância do PL 4341, que garante a continuidade do pagamento do BPC enquanto o processo de revisão acontece, impedindo que famílias sejam empurradas para a miséria sem uma análise adequada. A urgência já foi aprovada, mas, agora, o Brasil precisa cobrar sua votação definitiva.
Para além dos números, há outro desafio profundo: o capacitismo. Em 2025, a sociedade brasileira ainda insiste em enxergar pessoas com deficiência como incapazes, frágeis ou dependentes. Acredita que acessibilidade é favor, que inclusão é caridade, que contratar alguém com deficiência é gesto de bondade — quando, na verdade, é um dever legal e moral. Essa visão equivocada condena milhões de brasileiros à invisibilidade, ao desemprego, ao preconceito e à exclusão.
Entre as vozes que se levantam contra essa realidade está a de Samoel Andrade. Diretor Nacional de Políticas Públicas da Rede Observatório BPC, Coordenador Estadual no Acre, Segundo-Secretário Geral da IEPCCJ, Presidente Municipal da Juventude do NOVO em Sena Madureira, pré-candidato a deputado estadual e estudante do 2º ano do ensino médio — Samoel também é uma pessoa com deficiência física e com deficiência na voz.
Sua trajetória, marcada por barreiras desde o nascimento, revela também resiliência, fé e determinação. Anos vivendo na estatística do analfabetismo deram lugar a uma caminhada impulsionada pelo apoio de familiares e professores que acreditaram em sua capacidade. Hoje, sua luta é amplificada por uma missão: defender direitos, denunciar injustiças e mostrar que a deficiência não limita o que limita é a falta de acessibilidade, políticas públicas e sensibilidade social.
O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência não deve ser apenas mais uma solenidade. É um chamado para reflexão, coragem e responsabilidade. É um alerta ao Brasil para que reconheça, de fato, a urgência de políticas inclusivas e eficazes.
Que este 3 de dezembro seja lembrado não apenas pelos discursos, mas pelas atitudes. Que inspire consciência, empatia e compromisso. Que reforce a mensagem de que pessoas com deficiência existem, resistem e têm direito ao futuro um futuro com respeito, dignidade e oportunidades reais.






