O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) protagonizou uma cena incomum e tensa na Câmara dos Deputados ao se recusar a deixar a mesa diretora durante a sessão desta terça-feira (9). O gesto ocorreu um dia antes da votação que pode resultar na cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar.
O processo contra o parlamentar já percorreu todas as etapas internas: foi aprovado pelo Conselho de Ética e teve recurso rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Com isso, a decisão final ficará nas mãos do plenário, que poderá confirmar ou não a perda do mandato. Para que a cassação seja decretada, são necessários ao menos 257 votos favoráveis.
Em protesto ao que considera um julgamento político, Glauber decidiu subir à mesa diretora e permanecer no assento destinado aos secretários da Mesa, mesmo após pedidos de agentes da Polícia Legislativa e de servidores da Casa para que se retirasse. O deputado afirmou que permaneceria ali como ato simbólico de resistência.
“Ficarei até o limite das minhas forças”, declarou o parlamentar, elevando o clima de tensão no plenário e atraindo olhares de aliados e opositores.
A postura de Glauber dividiu opiniões entre os parlamentares. Enquanto deputados da esquerda classificaram o ato como legítima defesa política diante do que chamam de perseguição, aliados do governo e da direita viram na atitude uma afronta às regras internas da Câmara e um movimento de obstrução da sessão.
O processo de cassação tem como origem um episódio ocorrido em 2024, quando Glauber discutiu e empurrou um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) durante um evento no Congresso. O Conselho de Ética considerou que houve quebra de decoro, decisão mantida pelas instâncias superiores da Casa.
A votação que definirá o futuro político do deputado está marcada para esta quarta-feira (10) e promete acirrar ainda mais os ânimos. Nos bastidores, líderes partidários afirmam que o resultado ainda é incerto e dependerá da mobilização das bancadas e da presença em plenário.
O desfecho do caso pode alterar a composição da Câmara e abrir precedente importante sobre a punição de parlamentares por condutas consideradas excessivas. Enquanto isso, Glauber transformou a véspera do julgamento em palco de resistência, reforçando seu discurso de que está sendo alvo de injustiça política.







