15 dezembro 2025

Fiscal morto por PM em SP foi indiciado por roubo a casa de vereador

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

A morte do fiscal municipal Márcio José Gomes, baleado por um policial militar durante uma abordagem em Rio Claro, no interior de São Paulo, trouxe à tona um passado criminal que constava nos registros da Justiça. Antes do suposto confronto que terminou com sua morte, Márcio havia sido formalmente indiciado por participação em um roubo planejado contra a residência de um vereador da cidade, em dezembro de 2019.

De acordo com documentos judiciais, obtidos pelo Metrópoles, o agente de fiscalização municipal foi apontado como integrante de uma associação criminosa que planejou e deu suporte logístico a um assalto à casa do vereador André Luís de Godoy, à época presidente da Câmara Municipal de Rio Claro. O grupo, segundo a investigação, atuou de forma articulada e com divisão de tarefas bem definida.

Fiscal morto por PM em SP foi indiciado por roubo a casa de vereador - destaque galeria3 imagensComando VermelhoEx religioso foi flagrado transportando arsenal escondido em carro para o RJFechar modal.MetrópolesGoverno do RJ quer classificação do CV como organização terrorista pelos EUA1 de 3

Governo do RJ quer classificação do CV como organização terrorista pelos EUA

Rafaela Felicciano/ MetrópolesComando Vermelho2 de 3

Comando Vermelho

Arte/MetrópolesEx religioso foi flagrado transportando arsenal escondido em carro para o RJ3 de 3

Ex religioso foi flagrado transportando arsenal escondido em carro para o RJ

Reprodução/Polícia Civil

Roubo encenado

A ação criminosa teve contornos de encenação oficial. Cinco homens, ainda não identificados, chegaram ao prédio da vítima se passando por policiais federais. Vestiam roupas semelhantes às da PF, estavam fortemente armados e utilizavam um veículo utilitário adesivado para simular uma viatura oficial. A estratégia, detalha o processo, tinha como objetivo intimidar e neutralizar qualquer resistência.

O porteiro do edifício foi coagido a liberar a entrada sob ameaça de prisão. No apartamento, as vítimas foram rendidas, algemadas e acusadas falsamente de corrupção. Enquanto mantinham o vereador, sua companheira e o porteiro sob vigilância, os criminosos vasculharam o imóvel e levaram R$ 5.650 em notas, celulares e joias. Antes de fugir, ainda orientaram as vítimas a aguardar a chegada da imprensa, reforçando a farsa de uma operação policial.

O papel do fiscal municipal

A investigação atribuiu a Márcio José Gomes um papel central nos bastidores. Como servidor público e conhecido da vítima, ele teria fornecido informações sobre endereço e rotina do vereador, consideradas decisivas para o sucesso da ação. Além disso, foi apontado como responsável por providenciar apoio material aos executores do roubo, como colchões e a preparação do local que serviu de base para o grupo.

Esse local era uma chácara no bairro Santa Clara II, cedida por outro denunciado, Bruno de Moraes. Ali, segundo o processo, o veículo utilizado no crime foi escondido, teve a placa adulterada e recebeu os adesivos que o faziam parecer parte da frota policial. Após o crime, vestígios encontrados na chácara — colchões, materiais de adesivação e objetos pessoais — reforçaram a ligação dos denunciados com o assalto.

Leia também

Indiciamento e prisão

Márcio e Bruno foram indiciados por crimes como associação criminosa, receptação, adulteração de sinal identificador de veículo e roubo majorado. A Justiça decretou a prisão temporária e, posteriormente, a preventiva, destacando a gravidade concreta da conduta, o planejamento prévio e o uso de violência e grave ameaça contra as vítimas.

Durante as investigações, Márcio chegou a ser encontrado com uma quantia em dinheiro, cuja origem não foi esclarecida. A perícia em celulares indicou trocas de mensagens relacionadas à preparação do crime, ao acondicionamento do local e à logística do grupo.

Anos depois, o nome de Márcio voltou ao noticiário em circunstâncias distintas e definitivas. Ele morreu durante um suposto confronto com a PM em Rio Claro, episódio que também resultou na apreensão de armas e levantou suspeitas de vínculos com o crime organizado.

- Publicidade -

Veja Mais