9 dezembro 2025

Justiça do Acre manda censurar reportagem do site Intercept Brasil e impõe silêncio sobre latifundiário investigado pela PF

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A liberdade de imprensa sofreu um duro golpe com uma decisão judicial vinda do Acre. O Intercept Brasil denunciou que foi alvo de censura prévia após o juiz Leandro Leri Gross, da 3ª Vara Cível de Rio Branco, determinar a retirada do ar de uma investigação jornalística e proibir o veículo de publicar qualquer novo conteúdo relacionado a um latifundiário milionário investigado pela Polícia Federal por crimes graves. A ordem vai além: o portal está impedido até mesmo de mencionar o nome do fazendeiro, que moveu o processo para silenciar as reportagens.

Segundo o Intercept, essa é a segunda decisão de censura imposta pelo Tribunal de Justiça do Acre. A primeira já havia retirado duas matérias do ar. Agora, a nova determinação — ainda mais severa — impede preventivamente qualquer citação aos autores da ação enquanto o processo estiver em andamento, o que pode levar anos. Na prática, isso significa que nem mesmo informações públicas, documentos oficiais ou relatórios da Polícia Federal podem ser divulgados.

A reportagem censurada tratava de novos fatos apurados pela PF, todos embasados em documentos oficiais que fazem parte de um processo judicial no qual o latifundiário e sua família respondem. O Intercept afirma que revisou cada linha com rigor técnico para garantir precisão, mas, mesmo assim, foi silenciado. O editorial em que o veículo criticava a primeira censura também foi alvo da nova ordem judicial.

Para o portal, a situação representa uma afronta direta à Constituição e coloca o jornalismo investigativo sob ameaça real. A censura prévia, proibida pelo próprio texto constitucional, ressurge em pleno século XXI por meio de decisões que, segundo o veículo, favorecem indivíduos poderosos que buscam impedir que a sociedade conheça fatos de interesse público. O Intercept alerta que, se esse precedente se mantiver, qualquer pessoa influente poderá recorrer à Justiça para impedir a publicação de reportagens embasadas em investigações oficiais, colocando em risco todo o sistema de fiscalização independente do poder.

O veículo destaca ainda que esse caso ocorre em uma das regiões mais violentas da Amazônia, onde conflitos fundiários e crimes ambientais frequentemente dependem da exposição jornalística para que sejam investigados e punidos. O silêncio imposto, portanto, não afeta apenas a redação, mas toda a sociedade que fica privada de informações essenciais.

Apesar das pressões, o Intercept declarou que irá recorrer da decisão e continuar lutando na esfera judicial e jornalística para que os fatos venham à tona. O portal afirma que está empenhado há mais de um ano em investigar o caso e enfrentar a disputa jurídica que tenta impedir a divulgação das informações. A batalha, diz o site, é desigual e envolve indivíduos com grande influência política e econômica, mas a promessa é de resistência até o fim.

A denúncia do Intercept acende um alerta nacional. Não se trata apenas da censura a um veículo específico, mas de um sinal preocupante de que a liberdade de expressão e o direito à informação podem estar sendo erodidos por decisões judiciais que favorecem o silêncio dos poderosos. O caso coloca em debate o próprio futuro do jornalismo investigativo no Brasil e reforça a importância da imprensa como pilar da democracia.

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