Uma entrevista da cantora e empresária Rihanna à Vogue alemã em 2024, que voltou a repercutir nas redes sociais nesta semana, trouxe novamente à tona a relação que artistas constroem com sua história de vida. Na conversa, a cantora afirmou que hoje se surpreende e até se arrepende de certas atitudes e comportamentos que teve no início da carreira. Hoje mãe e em uma fase mais madura, Rihanna olha para fotos antigas e pensa: “Meu Deus, eu realmente fiz isso?”, numa reflexão que ganhou força entre fãs e outras figuras do entretenimento.
Outra artista que passou por processo semelhante é Miley Cyrus, que já declarou ter revisitado com distância crítica sua fase mais polêmica, marcada por performances e vídeos que geraram grande repercussão. A época em que a artista passou a se exibir de forma mais sensual e provocativa foi entre 2012 e 2013, na era conhecida como “Bangerz”. Foi nesse período que Miley rompeu definitivamente com a imagem adolescente da Hannah Montana, da Disney Channel; apresentou performances polêmicas, como o VMA 2013; lançou músicas como “We Can’t Stop” e “Wrecking Ball”, marcadas por uma estética mais ousada; e mudou visualmente, incluindo o corte de cabelo curto que virou símbolo dessa nova fase.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Rihanna em entrevista à Vogue Germain que viralizou nos últimos dias novamenteReprodução: YouTube/Vogue Miley Cyrus: Something BeautifulDivulgação: Disney+ Billie EilishReprodução: Instagram/@billieeilish Luísa SonzaReprodução: Instagram/Luísa Sonza Britney Spears, 43 anosReprodução: Instagram/Britney Spears
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Durante uma entrevista com Monica Lewinsky no podcast “Reclaiming”, Miley afirmou que compreende hoje como as escolhas feitas na juventude tiveram impacto não apenas em sua imagem pública, mas também em suas relações pessoais. Ela reconheceu que enxerga aquela época de forma distinta do que via quando viveu. “Foi nessa época que eu fui duramente atingida e fiquei muito envergonhada. Se eu continuasse me vestindo ou agindo de uma certa maneira, meus relacionamentos desmoronavam”, disse ela. Além disso, a cantora reforçou que seu noivado com Liam Hemsworth não deu certo porque “estava compartilhando uma parte que os homens queriam que fosse guardada apenas para eles”.
Billie Eilish também se somou a esse grupo ao comentar episódios da adolescência que voltaram à tona em vídeos antigos. A cantora afirmou sentir desconforto por declarações e atitudes que tomou muito jovem, destacando que a internet tornou permanente momentos que ela considera imaturos e totalmente dissociados de quem é atualmente. “Quando você é adolescente, você não se conhece de verdade, então está tentando se descobrir. Essa foi a coisa mais difícil para mim: eu realmente não sabia como me sentia. Então, eu simplesmente criei essa fachada à qual me apeguei”, disse à Vogue Austrália. A artista, hoje com 23 anos, já declarou que “discorda de muitas coisas” que disse aos 14 ou 15 anos, e que reler esse passado pode ser difícil.
No cenário brasileiro, Luísa Sonza tem abordado publicamente como revisita a própria trajetória artística. A cantora afirmou em 2024 ao programa “Ambulatório da Moda” que várias escolhas estéticas e comportamentais do início da carreira não representam mais seus valores atuais. “Eu acho que eu tinha uma certa inocência nesse negócio de mostrar corpo e da forma como eu me via. Porque, para mim, estava me sentindo bonita e gostosa, e tudo bem. Não me sexualizava como as pessoas faziam. Quando comecei a sentir esses efeitos desta sexualização, comecei a ter aversão disso. Vi as pessoas me levando pra um lugar de diminuir meu trabalho”. Segundo ela, aquela fase refletia a busca intensa por validação externa e por aceitação, algo que hoje observa com mais distanciamento e compreensão.
Britney Spears também integra a lista de artistas que relatam incômodo ao revisitar etapas anteriores de sua vida pública. A cantora já declarou que se arrepende de alguns projetos e exposições do passado, incluindo o reality show que protagonizou no início dos anos 2000, “Britney and Kevin: Chaotic”. Em seu livro de memórias lançado em 2023, “A Mulher em Mim”, Britney afirma que não reconhece a versão dela que aceitou certos níveis de exposição e que, olhando de longe, não repetiria aquelas decisões. “Houve tantas vezes em que tive medo de falar porque temia que alguém pensasse que eu era louca. Mas aprendi essa lição agora, da maneira mais difícil. Você precisa falar sobre o que está sentindo, mesmo que isso te assuste. Você precisa contar a sua história. Você precisa levantar a sua voz”, escreveu a cantora.
O fenômeno é mais comum do que parece entre artistas que cresceram sob forte visibilidade: com o passar dos anos, eles revisitam suas próprias histórias, reavaliam comportamentos e confrontam versões antigas de si mesmos. O processo, muitas vezes, acompanha a maturidade e o movimento natural de transformação pessoal.
