23 dezembro 2025

Morte de Moisés Alencastro levanta dúvidas sobre latrocínio e aponta possível crime de ódio

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img
Foto: Instagram

A hipótese de que o homicídio de Moisés Alencastro tenha sido motivado por latrocínio vem sendo recebida com extrema cautela por integrantes do Ministério Público do Estado do Acre. De acordo com manifestações oficiais, o cenário do crime, tal como descrito nas próprias reportagens divulgadas pela mídia, levanta sérias dúvidas quanto à tipificação inicial do delito.

As lesões constatadas na vítima  múltiplas perfurações por arma branca e indícios de tentativa de degolamento  não se mostram, em uma análise preliminar, compatíveis com a dinâmica típica de um crime patrimonial. Ao contrário, o padrão de violência extrema e aparentemente desnecessária para a simples subtração de bens sugere uma agressão marcada por brutalidade excessiva.

Segundo membros do MP, esse tipo de violência costuma estar associado a crimes praticados por motivação de ódio, nos quais há desprezo pela condição da vítima. Trata-se de um padrão que, infelizmente, se repete em diversos contextos, como em assassinatos de mulheres e em crimes cometidos contra pessoas homossexuais, configurando, em muitos casos, ações motivadas por homofobia.

Moisés Alencastro era servidor público e atuava no Ministério Público do Estado do Acre, junto ao Centro de Atendimento à Vítima (CAV). Reconhecido por seu compromisso com o enfrentamento da violência e pela defesa da dignidade humana, Moisés trabalhava diretamente na responsabilização penal de agressores e na proteção de vítimas de violações de direitos.

Para o Ministério Público, sua morte não pode ser tratada como mais um episódio banal de violência urbana. O crime expõe, de forma dolorosa, a persistência de práticas violentas e discriminatórias na sociedade e reforça a urgência de avanços concretos na construção de um ambiente social mais tolerante, livre de preconceito, discriminação e homofobia, baseado no respeito à condição humana.

A expectativa é de que os fatos sejam rigorosamente apurados, com a correta definição jurídica do crime e a responsabilização penal proporcional à gravidade da conduta, evitando que o caso permaneça impune  exatamente como Moisés sempre defendeu em sua atuação institucional.

O Ministério Público também destacou a plena confiança no trabalho da Polícia Civil do Acre, que desde os primeiros momentos tem empenhado esforços significativos para a elucidação do crime e para dar à sociedade uma resposta rápida e eficaz.

Por fim, foi ressaltado o empenho do delegado de Polícia e coordenador da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Alcino Ferreira Júnior, reconhecido pela condução diligente e técnica das investigações.

O posicionamento é assinado por Patrícia de Amorim Rêgo, procuradora de Justiça e coordenadora-geral do CAV, e por Thalles Ferreira Costa, promotor de Justiça de Direitos Humanos e coordenador adjunto do CAV.

- Publicidade -

Veja Mais