19 dezembro 2025

O grito engasgado: Flamengo perde o mundo nos pênaltis, mas reacende um Brasil adormecido

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O Flamengo perdeu a final da Copa Intercontinental para o PSG nos pênaltis, no Catar. A taça não veio, o bicampeonato escapou, mas a derrota não define o que esse clube causou no Brasil em 2025. Independente do resultado dessa decisão, o time rubro-negro já devolveu a sensação de euforia e alegria em bairros, casas e ruas onde o futebol ainda é vivido como identidade, reacendendo um sentimento coletivo que o Brasil não reconhece mais na própria seleção.

Confesso. Entrei no clubismo sem pedir desculpa. Disse, dias atrás, que o Flamengo hoje é o único clube capaz de provocar no brasileiro aquela antiga sensação de seleção. Não por comparação técnica, mas por memória. Lembrei do menino que eu era, com cinco anos, vendo Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo transformarem o país num coro só. Aquilo era algo além do futebol. Se tratava de algo que só hoje consigo denominar: uma catarse coletiva.

Veja as fotosAbrir em tela cheia Fotos: Gilvan de Souza e Adriano Fontes/Flamengo
Fotos: Gilvan de Souza e Adriano Fontes/Flamengo
Fotos: Gilvan de Souza e Adriano Fontes/Flamengo

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Quem cresce na periferia aprende cedo a medir o mundo pelo pulso do dia. Em dia de decisão, o ar muda. O barulho muda. O cheiro muda. Tem foguete antes do almoço, tem carne no improviso, tem conversa atravessada na porta do armarinho. O bairro ganha outra temperatura. Ali não existe tese sociológica que explique melhor do que a própria vivência. A alegria que nasce nesses lugares não se compra. Não cabe em condomínio fechado. É coisa de pulsação nua e crua que transcende a própria alma.

O Flamengo ocupa esse espaço. Não por escolha estética, nem por simpatia. Ser Flamengo acontece. Quando se percebe, o coração já bate diferente. O clube conversa com uma ancestralidade que vem do batuque, do suor, da insistência. Quem quiser entender isso precisa sair do “conforto” e assistir a uma decisão numa favela. A compreensão vem sem legenda.

O jogo em si foi cruel. O PSG controlou a bola, impôs ritmo, errou e foi salvo. O Flamengo sofreu, resistiu, respondeu. Rossi falhou e salvou. Marquinhos falhou e quase decidiu. O melhor do mundo deles começou no banco e errou. O nosso camisa 9 entrou, mudou o jogo, quase marcou. Jorginho bateu pênalti como quem entende o peso do instante. Depois vieram os erros. Quatro. Um a um. Cada chute perdido arrancava um pedaço do grito que já estava formado.

Aquela explosão estava pronta. Seria um carnaval deslocado no calendário. Um país inteiro pulando antes de fevereiro. Não aconteceu. Doeu. Chorou-se. Rezou-se. Xingou-se o destino. Ainda assim, ninguém desligou a televisão indiferente. Porque isso também é Flamengo. Jogar de frente. Não se esconder. Cair lutando. Criar a ilusão e pagar o preço dela. Poucos clubes oferecem esse pacote completo de emoção, do delírio ao silêncio.

E talvez esteja aí a provocação maior. Se a seleção brasileira, no ano que vem, conseguir causar metade do que esse Flamengo causou em 2025, mesmo sem levantar taça, já terá recuperado algo essencial. A camisa amarela também é um manto. Só precisa voltar a conversar com quem ainda sente o futebol como quem sente a própria vida. O Flamengo perdeu o mundo. Mas lembrou ao Brasil como é sentir.

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