5 dezembro 2025

Opinião: “Três Graças” acerta na construção do romance entre Lorena e Juquinha

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

A novela “Três Graças” acertou em cheio na forma de construir a relação entre Juquinha (Gabriela Medvedovski) e Lorena (Alanis Guillen). O que chama atenção não é só o frescor do casal, mas a forma como a trama decidiu apresentá-las. Nada de subtexto tímido. Nada de driblar o assunto com metáforas. A história delas nasce à luz do dia, com afeto, desejo e um texto que não pede desculpa por existir.

A novela entrega algo que há anos o público cobra: um casal lésbico tratado como casal, sem o velho medo de “chocar”. A narrativa trabalha com leveza, delicadeza e naturalidade. Juquinha e Lorena se aproximam por interesse mútuo, por química visível, por olhares que contam mais do que qualquer discurso. É romance assumido, não um experimento de laboratório.

Leia Também

Carla Bittencourt
Opinião: “Três Graças” é novelão porque traz de volta o exagero que a gente esqueceu

Carla Bittencourt
Opinião: Daphne Bozaski desconcerta o público e se reinventa em “Três Graças”

Carla Bittencourt
Opinião: Em “Três Graças”, a protagonista finalmente é mais interessante que os vilões

Carla Bittencourt
Opinião: Fernanda Vasconcellos renasce em “Três Graças” com uma vilã de impacto

Outro ponto é que a trama não recorre ao artifício clássico de envolver um homem como pivô. Não existe triangulação para justificar o caminho das duas, nem dilema artificial para “explicar” o desejo delas. É simples: uma se interessa pela outra. A novela confia nisso, e essa confiança muda tudo. Permite que a relação floresça com humor, charme e um toque romântico que lembra comédias afetivas, não tratados sociológicos.

O texto também acerta ao construir personagens completas. Lorena e Juquinha são carismáticas e têm vida própria antes de se encontrarem. A união das duas não parece forçada. É consequência natural do que a novela plantou. Soma isso a intérpretes com química real e você entende por que a repercussão cresceu tão rápido.

No fim, “Três Graças” faz algo raro: entrega representatividade sem transformar a relação em bandeira única. É bonita, clara, bem escrita e segura do que quer mostrar. Dá a sensação de que estamos vendo um avanço que vinha sendo adiado por tempo demais. E talvez por isso a impressão geral seja essa: parece um pequeno milagre.

- Publicidade -

Veja Mais