A dor nas costas é comumente associada a alterações na coluna e maus hábitos do dia a dia. No entanto, há outro fator que pode influenciar — e muito — a saúde das costas: o emocional.
Médico há 23 anos, o ortopedista e especialista em coluna do Hospital Santa Lúcia, Dr. Pablo Godinho, revela uma mudança no perfil etário dos pacientes que chegam ao consultório com esse tipo de queixa: eles estão cada vez mais jovens e, em muitos casos, apresentam doenças emocionais associadas.
“O emocional pode influenciar bastante, principalmente na qualidade do sono, além de provocar contraturas musculares e dores psicossomáticas, que acabam sendo ‘transferidas’ para regiões do corpo como consequência de estresse emocional, depressão, entre outros fatores”, destaca o médico à coluna Claudia Meireles.
A cirurgiã de coluna Dra. Luciana Ferrer também acredita que reações emocionais exercem forte impacto sobre a dor nas costas. “O estresse leva a uma tensão muscular contínua e também aumenta a percepção da dor no cérebro. Ansiedade, depressão e sobrecarga emocional frequentemente agravam ou até desencadeiam quadros crônicos“, explica.
Fato é que dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde mostram que os atendimentos relacionados à dor nas costas cresceram 37,5% nos últimos cinco anos, especialmente entre pacientes mais jovens, na faixa etária de 20 a 59 anos.
Sono e fatores mecânicos também são vilões
A qualidade do sono também entra na equação. Segundo os médicos, o sono não reparador contribui diretamente para a fadiga muscular.
“A musculatura das costas, a partir do momento em que estamos em pé, é exigida o tempo todo. Quando não há recuperação adequada durante a noite, a consequência é dor por fadiga ao longo do dia”, destaca o Dr. Pablo Godinho.
Com o emocional desajustado, somado ao ambiente urbano — onde as pessoas passam longos períodos sentadas, trabalhando, estudando ou se entretendo diante de telas de computador ou celular — o cenário se torna ainda mais preocupante. A má postura em decorrência do uso excessivo do celular tem nome na literatura médica: Síndrome do Pescoço de Texto ou Text Neck.
Má postura e uso excessivo do celular estão entre os maiores fatores de risco
Apesar de comum, a dor nas costas não pode ser negligenciada
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A maior parte dos casos de dor nas costas pode ser tratada com intervenções minimamente invasivas
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“Esses hábitos mantidos por horas diárias, associados à falta de exercícios e alongamentos, geram dor por fadiga muscular ou dor miofascial, mais comum na região lombar baixa ou na cervical posterior”, explica o ortopedista. Fazer pausas, alongar as costas — a cada 40 a 60 minutos — e praticar atividades físicas regularmente são fatores que podem minimizar o quadro de dor nas costas.
Quando se preocupar com a dor nas costas
Crirurgiã ortopédica e especialista em coluna, a Dra. Luciana reforça: a dor nas costas não é normal e não deve fazer parte da rotina nem ser ignorada. Existem formas de tratamento, muitas delas com abordagem conservadora e que podem apresentar resultados nas primeiras semanas de inversão.
“Esse é um sinal de que o corpo está em desequilíbrio. Há sempre um motivo. E quanto antes for avaliada a causa da dor nas costas, menor será o sofrimento prolongado”, alerta.
Seja de origem emocional ou mecânica, é fundamental também observar como a dor evolui para procurar ajuda médica. Dor irradiada para membros, sintomas neurológicos como dormência, perda de força ou sensação de choques, dor noturna ou em repouso, febre e perda de peso sem causa aparente e dor persistente ou progressiva, mesmo com mudança ou melhora de hábitos, são sinais de alerta.
“Nesses casos, a avaliação de um especialista é essencial para diagnóstico precoce e tratamento adequado. O atraso no diagnóstico de doenças como hérnias de disco com compressão nervosa — que podem ter indicação cirúrgica — pode resultar em sequelas permanentes, como dor crônica e déficits de força ou sensibilidade”, finaliza o médico Dr. Pablo Godinho.
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