A Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira, uma operação para apurar o suposto desvio de recursos públicos da cota parlamentar envolvendo os deputados federais Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy, ambos do PL do Rio de Janeiro. A ação foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a PF, há indícios de que os parlamentares teriam se beneficiado financeiramente por meio de servidores comissionados, utilizando empresas para simular a prestação de serviços e, assim, desviar recursos públicos. Entre as companhias citadas está a Harue Locação de Veículos Ltda. ME, apontada como instrumento para a prática de peculato e lavagem de dinheiro.
De acordo com a investigação, a empresa seria de propriedade de fato de um assessor ligado ao deputado Carlos Jordy, sendo administrada por familiares com o objetivo de receber verbas da Câmara dos Deputados. A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou ao STF que existem “elementos indiciários” de que os recursos da cota parlamentar teriam sido desviados por intermédio de servidores comissionados, com o uso de empresas como a Harue Locação de Veículos e a Amazon Serviços e Construções Ltda.
A PF também identificou movimentações financeiras consideradas atípicas, incluindo transferências que somam R$ 73,3 mil em 63 operações realizadas pelo deputado Carlos Jordy a um secretário parlamentar. Para os investigadores, essas transações evidenciam um vínculo econômico direto entre o parlamentar e o assessor.
Conversas obtidas durante a apuração reforçam as suspeitas. Em mensagens destacadas pela PF, assessores mencionam pagamentos feitos “por fora”, expressão que aparece em diálogos relacionados tanto ao deputado Sóstenes Cavalcante quanto ao deputado Carlos Jordy.
Ainda segundo a Polícia Federal, os recursos desviados eram encaminhados a empresas de fachada e posteriormente submetidos a mecanismos de lavagem de dinheiro. Durante o cumprimento dos mandados desta sexta-feira, foram apreendidos R$ 430 mil em espécie em um endereço vinculado ao deputado Sóstenes Cavalcante.
Em dezembro do ano passado, a PF já havia realizado uma fase anterior da investigação, com buscas em endereços ligados a assessores dos parlamentares. A operação, batizada de “Rent a Car”, apura a utilização de contratos falsos com locadoras de veículos para simular serviços e justificar gastos da cota parlamentar.
As investigações seguem em andamento, e os envolvidos ainda poderão apresentar defesa ao longo do processo.