Absolvido pelo júri popular três anos após a morte do campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lô, o policial militar Henrique Velozo afirmou que o disparo que atingiu a cabeça do atleta foi proporcional ao risco que enfrentava no momento do confronto. Em entrevista exclusiva ao titular do portal LeoDias, o PM disse que estava em desvantagem numérica, cercado por lutadores experientes, e que agiu para preservar a própria vida.
Ao ser questionado por Leo Dias, se não considerava ser desproporcional se defender de um golpe dando um tiro letal, Henrique argumentou que a discussão sobre proporcionalidade precisa considerar o cenário real do conflito, e não análises feitas posteriormente, em ambiente controlado. “É muito conveniente as pessoas falarem de proporcionalidade em um ambiente controlado, após o ocorrido, é muito difícil para o operador policial, para a pessoa que está vivendo o conflito real decidir em questão de segundos”, afirmou.
O PM reforçou que o risco não se limitava apenas a Leandro Lô, mas ao grupo que o cercava. “Eu estava cercado por 5 faixas pretas, outras pessoas que eu não conhecia, eu estava sozinho. Eu não sabia o nível técnico que eles tinham, eu não sabia se eles iam tomar a minha arma, não sabia a intenção deles comigo, então foi proporcional sim, porque foi o meio que eu tinha para me defender”, sustentou.
Henrique também rebate a versão de que teria tido tempo para se afastar da confusão antes do disparo. “Não foram 27 segundos de eu acordar até o disparo, foram 27 segundo a dinâmica completa, da primeira queda, a luta corporal, segunda queda tentada, e o tiro”, explicou. Ele afirma que não poderia simplesmente virar as costas e deixar o local. “Eu de forma alguma armado, iria virar as costas e ir embora (…) o ambiente estava extremamente lotado e eles estavam contando com o Leandro”.
Por que o tiro atingiu a cabeça
Ao falar sobre o local atingido pelo disparo, Henrique voltou a afirmar que não houve intenção de acertar a cabeça do lutador. Segundo ele, o treinamento policial não prevê tiros em membros. “Em nenhum curso, nenhuma polícia aprende a atirar nas pernas e nem em membros, a gente aprende a atirar na maior zona visível do alvo”, disse.
Ele explica que o disparo ocorreu de forma instintiva, diante da movimentação do corpo da vítima. “Alguns disparos não são feitos com precisão, são feitos de maneira intuitiva, então o disparo não foi feito propositalmente na cabeça”, declarou.
Henrique descreveu que Leandro Lô estaria tentando aplicar um novo golpe de jiu-jitsu no momento do tiro. “É muito difícil você mirar propositalmente na cabeça de um alvo em movimento (…) A fatalidade foi o fato dele estar mergulhando para pegar as minhas pernas, tanto que o disparo entrou de cima para baixo, na dinâmica dele vindo nas minhas pernas”, relatou.
Ele reforça que não houve premeditação. “As pessoas pensam que foi um disparo friamente calculado, mas foi um disparo de precisão com o tempo que eu tive, então não foi um disparo premeditado”, concluiu.
Um único disparo como argumento de proporcionalidade
Henrique também apontou o fato de ter efetuado apenas um tiro como prova de que sua reação foi proporcional. “Eu efetuei um único disparo, eu poderia ter efetuado outros disparos, a minha arma não emperrou e ainda tinha mais 10 munições, então houve proporcionalidade”, afirmou.
Ao encerrar, o PM destacou que não atua como atleta em disputas esportivas, mas como policial treinado para situações extremas. “O que as pessoas não entendem é que eu não sou um competidor da luta, eu sou um lutador, eu pratico luta para aperfeiçoar a minha técnica de defesa pessoal policial, porque como policial a gente se envolve várias vezes em ocorrências com luta”.






