Cada vez mais pesquisas revelam que uma boa noite de sono não começa apenas no cérebro. O ponto de partida pode estar alguns centímetros abaixo, no intestino. É lá que vive a microbiota intestinal — um conjunto de trilhões de bactérias que participa da produção de substâncias essenciais para regular humor, nível de alerta e o próprio ciclo do sono.
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A coloproctologista Aline Amaro explica que o intestino tem um papel muito mais ativo no descanso do que se imaginava. “Cerca de 90% da serotonina do corpo é produzida no intestino, e parte dela se transforma em melatonina, o hormônio que avisa que é hora de dormir”, afirma.
“Quando essa flora está equilibrada, os sinais que chegam ao cérebro são de calma, e não de alerta.”
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Quando o intestino está em equilíbrio, o sono melhora
Segundo Aline, a microbiota saudável contribui para um sono mais profundo e menos fragmentado. “O intestino em equilíbrio reduz inflamação e ajuda a regular o cortisol, hormônio ligado ao estresse. Isso facilita a transição do estado de alerta para o de descanso”, explica.
Esse diálogo constante entre intestino e cérebro — o chamado eixo intestino-cérebro — influencia também o humor e o ritmo biológico, reforçando a importância de manter a flora em bom funcionamento.
O efeito contrário: disbiose bagunça o relógio biológico
Quando há desequilíbrio da microbiota, a chamada disbiose, o impacto no sono é imediato. “A produção de substâncias inflamatórias aumenta e o cérebro recebe sinais de vigília, não de repouso”, afirma a especialista.
As causas vão de alimentação pobre em fibras a estresse crônico, uso recente de antibióticos ou hábitos totalmente desregulados. O resultado aparece na prática: dificuldade para pegar no sono, despertares noturnos e sensação de cansaço mesmo após várias horas de repouso.
Alimentação: aliada decisiva para o intestino e para o sono
A boa notícia é que parte do processo está nas escolhas do dia a dia. “A microbiota se alimenta de fibras. Quanto mais frutas, verduras, legumes, leguminosas e alimentos fermentados, melhor ela funciona”, explica Aline Amaro.
Iogurte, kefir e kombucha são exemplos de alimentos que fortalecem as bactérias benéficas. Na direção contrária, ultraprocessados, excesso de açúcar, álcool e refeições muito pesadas à noite favorecem inflamação intestinal e pioram a qualidade do sono.
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Ritmo do corpo: rotina influencia mais do que parece
Além da alimentação, hábitos regulares ajudam a proteger o intestino e o ciclo do sono. “Horários regulares para comer e dormir, evitar grandes refeições perto de deitar, hidratação adequada e atividade física fazem diferença real”, afirma a coloproctologista.
“Cuidar do estresse também é fundamental para o intestino funcionar bem.”
A área ainda avança com estudos que investigam como perfis específicos de microbiota podem aumentar o risco de insônia e testam probióticos e transplante de microbiota em casos selecionados.
Uma mensagem central: cuidar do intestino é cuidar do sono
Para quem busca dormir melhor, a conclusão é clara. “Cuidar do intestino não é só evitar desconforto abdominal — é uma forma concreta de melhorar o sono, o humor e a saúde como um todo”, resume Aline Amaro.
Entender essa conexão ajuda a enxergar que uma noite tranquila começa muito antes de apagar a luz — e frequentemente, começa no intestino.