Quando a saúde vira moeda! As lições amargas do caso Valcione e os riscos que Sena Madureira não pode ignorar

A abertura de uma investigação pelo Ministério Público do Acre sobre supostas irregularidades na compra de medicamentos de alto custo na gestão do ex-prefeito Mazinho Serafim não é apenas mais um capítulo isolado da política local. É um espelho, duro e revelador, sobre como erros administrativos, decisões questionáveis e suspeitas de uso eleitoral da máquina pública podem colocar vidas em risco e corroer a confiança de toda uma população.

A denúncia envolve valores altos, pagamento antecipado sem previsão contratual, medicamentos não entregues e, pior, a história de uma paciente que depende desse tratamento para sobreviver. Quando a saúde pública entra nesse nível de negligência, não se trata apenas de má gestão, trata-se de humanidade.

O Ministério Público aponta uma diferença de mais de 150% entre o valor pago pelo Município e o valor pago pelo Estado para o mesmo medicamento. Em tempos de orçamento limitado, ruas esburacadas, falta de médicos e carências históricas na infraestrutura pública, esse tipo de disparidade não pode ser tratada como detalhe burocrático. É, no mínimo, um sinal de alerta.

Mas o ponto mais grave é outro: Mesmo após uma parcela antecipada de mais de R$ 630 mil, os medicamentos não chegaram ao destino. Enquanto isso, uma paciente gravemente enferma aguardava, e sua vida estava literalmente em contagem regressiva. Não há como suavizar esse fato.

O MP agora apura possíveis atos de improbidade, superfaturamento, violação contratual e até suspeita de que parte do dinheiro teria sido exigido para fins eleitorais. São acusações que ainda precisam ser confirmadas, e que deverão seguir o curso da Justiça. Porém, independentemente do desfecho jurídico, o dano moral à imagem da gestão pública já está estabelecido.

Quando a população vê que medicamentos de alto custo, comprados por ordem judicial, podem não chegar ao paciente, a pergunta que surge é simples e devastadora.

Quem está cuidando de quem mais precisa?

O caso expõe uma cultura política que ainda insiste em enxergar a máquina pública como um instrumento eleitoral. Isso destrói o que deveria ser o propósito maior da administração: servir, proteger e garantir direitos.

Se for confirmado que houve pedido de repasse para campanha, como relatado pela própria paciente, estaremos diante de um dos episódios mais graves já registrados na saúde pública do município.

E isso não é apenas um problema jurídico. É um problema moral, histórico, social.

A mudança administrativa de 2025 trouxe novos olhares, novos gestores e novas práticas. Mas nenhum avanço será completo enquanto velhas feridas não forem expostas, analisadas e tratadas com a seriedade que merecem.

Este caso deve servir como ponto de inflexão para todos: gestores, vereadores, empresas contratadas, fiscais e, principalmente, para a população que paga a conta e sofre as consequências.

Porque não existe cidade saudável se os seus processos públicos adoecem.

Mais do que indignação, o momento pede vigilância. Pede cidadania ativa. Pede acompanhamento de cada contrato, cada dispensa de licitação, cada execução orçamentária.

É preciso deixar claro que Sena Madureira não tolerará que vidas sejam colocadas em risco por falhas administrativas ou interesses políticos.

A cidade merece mais. O povo merece mais. A saúde pública, acima de qualquer disputa eleitoral, precisa ser tratada como prioridade absoluta, sempre.

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