11 dezembro 2025

SENA: Quando a política fala mais alto que o interesse público

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A sessão da Câmara de Sena Madureira desta terça-feira expôs, mais uma vez, um problema crônico da política local: a dificuldade de separar divergências pessoais da responsabilidade de legislar para o povo. A rejeição em bloco dos projetos apresentados pelo vereador Maycon Moreira, líder do prefeito Gerlen Diniz na câmara, levanta uma questão que precisa ser discutida com seriedade: os parlamentares realmente analisaram o conteúdo das propostas ou apenas votaram contra para atingir o autor?

Os projetos rejeitados não tratavam de interesses individuais ou de disputas internas. Pelo contrário. Entre eles, haviam iniciativas voltadas para jovens, para mulheres vítimas de violência doméstica, para ações sociais que poderiam impactar a vida de quem mais precisa. Projetos que, em tese, deveriam unir a Câmara em torno do bem comum.

O episódio se torna ainda mais questionável porque alguns vereadores que foram relatores das matérias, e que haviam emitido parecer favorável, mudaram seus votos no dia da votação. A mudança repentina expõe um comportamento que foge da análise técnica e entra no terreno da retaliação política.

E aqui fica uma pergunta inevitável:
no meio dessa disputa interna, alguém parou para pensar na população?

Talvez não.

A Câmara Municipal não é uma arena pessoal. É um espaço de representação coletiva. E a função primordial de um vereador é criar leis que beneficiem a comunidade — independentemente de afinidades, desafetos ou disputas partidárias. Não é preciso gostar de um colega para reconhecer o mérito de uma proposta que atende o interesse público.

O eleitor também precisa refletir:
quantos bons projetos já foram enterrados simplesmente porque carregavam o nome “errado”?
Será que a população percebeu que, ao rejeitar iniciativas que protegiam mulheres, jovens e famílias inteiras, o Legislativo deixou de cumprir sua própria razão de existir?

Quando votam por antipatia, os vereadores não punem apenas o autor da proposta. Eles punem toda a cidade. Punem quem sofre violência e poderia receber apoio. Punem jovens que aguardam políticas públicas. Punem a sociedade que espera maturidade política e recebe, no lugar, pequenos conflitos travestidos de decisões legislativas.

A política precisa de debate, de divergência e até de confronto — isso faz parte do processo democrático. Mas quando a discordância supera o senso de responsabilidade, o Parlamento perde sua função e se transforma num palco de vaidades.

A pergunta que fica é simples e incômoda:
quem realmente pagou o preço dessa retaliação?

Seguramente, não foi o vereador.
Foi o povo.

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