25 dezembro 2025

“Três Graças” corrige rota, aposta em realismo e impõe limites à circulação policial na Chacrinha

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A novela “Três Graças” prepara um ajuste importante em sua narrativa nos próximos capítulos. Uma sequência prevista para ir ao ar em breve vai corrigir uma distorção que vinha chamando a atenção do público desde a estreia: a circulação livre do policial Paulinho (Romulo Estrela) pela Chacrinha, território claramente dominado pelo tráfico.

Ele entrou e saiu da comunidade diversas vezes sem enfrentar resistência, sempre motivado por sua ligação com Gerluce (Sophie Charlotte). Para uma novela que se propõe a dialogar com temas sociais contemporâneos, essa ausência de reação soava pouco crível.

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Essa falha de construção será finalmente enfrentada no capítulo que vai ao ar na próxima segunda-feira (29). A cena marca a primeira imposição clara de hierarquia na Chacrinha. Bagdá, vivido por Xamã, flagra Paulinho rondando a área e deixa explícito que a presença da polícia naquele espaço não é tolerada sem autorização.

O momento será direto, tenso e simbólico. Bagdá exige ser tratado como autoridade local e deixa claro quem dita as regras do território. Não se trata apenas de um choque entre personagens, mas de uma correção narrativa que reposiciona a comunidade como um espaço controlado, com códigos próprios e limites bem definidos.

O impacto da cena vai além do confronto em si. Ao estabelecer a Chacrinha como um território onde o poder informal impõe restrições reais, “Três Graças” reconhece que a ausência de embates até aqui enfraquecia o discurso da trama. A novela passa, assim, a se alinhar melhor com a realidade que busca retratar.

Esse novo olhar se estende a outros núcleos. Jorginho, personagem de Juliano Cazarré, surge como mediador da situação. Ex-traficante e hoje respeitado como uma figura de autoridade moral dentro da comunidade, ele será responsável por resolver o impasse e garantir que Paulinho só circule pela Chacrinha com consentimento.

A mudança também se reflete em cenas mais cotidianas, mas igualmente reveladoras. Viviane (Gabriela Loran) impede que Leonardo (Pedro Novaes) saia de casa à noite e o alerta sobre os riscos de circular pela comunidade após determinado horário. Detalhes simples, mas carregados de significado.

Ao fazer esse ajuste de rota, “Três Graças” fortalece sua proposta dramatúrgica e assume que, em territórios dominados pelo tráfico, a circulação não é neutra, nem aleatória. É um movimento que aproxima a ficção da realidade e devolve densidade a um conflito que precisava, claramente, ser enfrentado.

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