
A sessão que escolheu a nova Mesa Diretora da Câmara de Mercês, na Zona da Mata mineira, ganhou repercussão nacional depois que o vereador Marcelio Estevam Teixeira, conhecido como Marcelo Moto Som (Mobiliza), exibiu ao vivo R$ 100 mil que, segundo ele, teria recebido para vender seu voto. A cena ocorreu durante a votação de terça-feira (2) e gerou abertura de inquérito na Polícia Civil e investigação pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
O dinheiro — R$ 50 mil em espécie e R$ 50 mil em cheque — teria sido entregue por um empresário da cidade, dono de um posto de combustíveis. A gravação oficial da Câmara mostra o momento em que o vereador abre a bolsa e exibe o valor, afirmando ter sido procurado diversas vezes para votar no candidato indicado pelo empresário.
A Polícia Militar foi chamada, apreendeu o dinheiro e registrou um Boletim de Ocorrência. O delegado Arthur Simões, responsável pela investigação, já abriu inquérito para apurar suspeita de corrupção. O Ministério Público também determinou que a polícia investigue o caso.

A advogada de Marcelio informou ao g1 que a denúncia foi formalizada para que tudo seja esclarecido. O empresário acusado de oferecer o dinheiro, Calixto Domingos Neto, não quis se manifestar.
Eleição definirá também o prefeito interino
A eleição da Mesa Diretora teve ainda mais peso porque o presidente escolhido deve assumir interinamente a Prefeitura, já que o prefeito eleito, Donizete Calixto (Mobiliza), está impedido de tomar posse. Ele concorreu em 2024 com candidatura indeferida e ainda aguarda julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mesmo após a denúncia, a votação seguiu. Foram eleitos:
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José Elizio Ribeiro Coelho (PSD) – presidente;
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Marcelio Estevam Teixeira – vice-presidente.
Caso o impasse judicial não seja resolvido, José Elizio assumirá como prefeito interino a partir de 1º de janeiro de 2026.
Vereador afirma ter sido assediado por dois meses
De acordo com o registro da PM, o vereador disse que vinha sendo pressionado há cerca de dois meses por Calixto e outras pessoas para direcionar o voto. O objetivo seria garantir que um aliado assumisse a presidência da Câmara e, consequentemente, a Prefeitura, caso o prefeito eleito não consiga reverter sua situação jurídica.

Marcelio afirmou ainda ter vídeos e áudios que comprovam a entrega do dinheiro. O BO também menciona que o empresário é dono do posto que fornece combustível para a Prefeitura.
Calixto, irmão do prefeito eleito, teria permanecido no plenário durante a sessão, mas saiu logo depois da denúncia. Apesar disso, os dois são adversários políticos.
Processo no TSE foi adiado
O caso de Donizete Calixto seria julgado no fim de novembro, mas o ministro André Mendonça pediu mais tempo para analisar o processo, adiando a decisão para o próximo ano. O TSE não comenta casos em andamento.






