A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) chamou o jogador Neymar de “vergonha mundial” por ser responsável pela doação de 150 mil euros – equivalente a mais de R$ 800 mil na conversão atual – para atenuar a pena de Daniel Alves, condenado por estupro.
“Vergonha mundial: @neymarjr, com a influência que tem junto à juventude presta um péssimo serviço ao doar 150 mil euros para reduzir a pena por estupro do colega Daniel Alves, condenado na Espanha. É preciso acabar com a cultura do estupro”, escreveu a senadora no X (antigo Twitter).
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também se manifestou. Ela chamou a condenação de “pedagógica e exemplar”, mas criticou a redução da pena. “O absurdo foi ele pegar dinheiro emprestado com o Neymar, pagar uma multa e diminuir a pena, algo que não resolve em nada para a vítima, não apaga o sofrimento dela”, escreveu.
A quantia foi considerada pela Justiça espanhola uma atenuante de reparação de danos, pois “antes do julgamento, a defesa depositou na conta do tribunal o montante de 150 mil euros para que pudesse ser entregue à vítima independentemente do resultado do processo”.
O pai do jogador Neymar, Neymar da Silva Santos, foi quem confirmou que a doação foi feita pela família. Em entrevista a Emerson Sheik, ex-jogador e comentarista da CNN, Neymar Pai disse que Daniel Alves “não tinha dinheiro para se defender” e classificou a contribuição financeira como “ajuda a um amigo”. Segundo ele, a família preferiu “acreditar em um amigo do que virar as costas para alguém”.
Além disso, a família Neymar cedeu Alves Gustavo Xisto, um dos representantes jurídicos mais antigos das empresas do pai de Neymar, para prestar assistência jurídica para o ex-jogador. O procurador foi constituído no processo em 28 de junho.
Condenação
A sentença foi proferida às 6h (horário de Brasília), após a corte analisar todos os depoimentos e provas apresentados durante todo o processo e nos três dias de julgamento. A expectativa inicial era que a sentença só saísse em março.
“O tribunal considera provado que ‘o acusado agarrou abruptamente a denunciante, a jogou no chão e, a impedindo de se mexer, a penetrou pela vagina, mesmo com a denunciante dizendo que não, e que queria sair’. (…). E entende que ‘isso cumpre o tipo de ausência de consentimento, com uso de violência, e com acesso carnal'” , diz um trecho da decisão lida pela juíza Isabel Delgado Pérez, da 21ª Seção da Audiência de Barcelona.
Além do tempo de reclusão, Daniel Alves terá que cumprir cincos anos de liberdade vigiada (espécie de regime semi-aberto), e ficar nove anos longe de qualquer contato da vítima, sendo proibido de entrar em contato com ela e se manter distante pelo menos 1 km da casa e trabalho da denunciante, além de indenizá-la em 150 mil euros (aproximadamente R$ 800 mil) por danos morais, físicos e ajuda com o custo do processo.
A defesa do ex-jogador brasileiro ainda pode apresentar recurso e apelar para a Sala de Apelações do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha. Ele já está preso há 13 meses e esse tempo será descontado da pena.