A decisão de demolir o prédio da Companhia de Armazéns Gerais e Entreposto do Acre (CAGEACRE) em Sena Madureira para a construção de uma nova escola tem sido um dos pontos mais polêmicos da atual gestão do prefeito Mazinho Serafim (MDB). Quase cinco anos após a decisão, o impacto negativo sobre os produtores rurais e a promessa de uma nova infraestrutura educacional ainda deixam marcas profundas na comunidade.
Em 2019, a demolição do prédio da Cageacre gerou uma onda de críticas e revoltas. O espaço, que há anos era utilizado pelos produtores rurais para armazenar suas produções, foi derrubado para dar lugar à Escola Modelo Professor Hermano Filho. De acordo com o vereador Josandro Cavalcante (PSDB), que se posicionou contra a demolição, a perda do galpão representou um grande desperdício de dinheiro público e desconsideração pelos agricultores locais que dependiam do espaço. Ele destacou, na época, que o prédio era avaliado em mais de R$ 600 mil e sua destruição resultaria em perdas significativas para a comunidade rural.
Quase meia década depois, a promessa de uma nova escola ainda não foi totalmente cumprida. A Escola Modelo Professor Hermano Filho, projetada para substituir as antigas escolas Raimundo Hermínio de Melo e Guttemberg Modesto da Costa, enfrentou diversos desafios e atrasos ao longo de sua construção. Iniciada no final de 2019, a obra sofreu uma série de interrupções, incluindo a desistência da primeira construtora responsável. Apesar da ordem de serviço ter sido assinada em agosto de 2019 com um orçamento inicial de R$ 4,5 milhões, a construção da escola passou por um longo período de paralisação, levantando questionamentos sobre a gestão dos recursos públicos e a transparência do processo.
Hoje, mesmo com o anúncio da entrega iminente da nova escola, muitos se perguntam sobre o verdadeiro custo dessa decisão. Para os produtores rurais, a perda do espaço de armazenamento trouxe prejuízos imediatos e duradouros. A destruição da Cageacre não apenas eliminou um local crucial para o armazenamento de suas produções, mas também simbolizou uma falta de apoio e reconhecimento por parte da administração municipal. A situação dos produtores permaneceu incerta, e alternativas para um novo espaço de armazenamento ainda não foram apresentadas de forma concreta pela gestão municipal.
O caso levanta questões importantes sobre as prioridades da administração pública e o planejamento de políticas que deveriam atender às necessidades de todos os segmentos da sociedade. A construção da escola, apesar de ser uma iniciativa positiva para a educação, parece ter sido implementada de maneira precipitada, sem a devida consideração pelas consequências para os agricultores locais. A falta de planejamento e o uso ineficiente dos recursos públicos reforçam a percepção de que a gestão atual falhou em equilibrar as demandas por infraestrutura educacional com as necessidades econômicas e sociais dos produtores rurais.
Com a proximidade das eleições municipais, a conclusão tardia da escola é vista por alguns como uma estratégia eleitoreira, uma tentativa de mostrar serviço após anos de críticas e insatisfações. No entanto, a verdadeira questão que permanece é se a comunidade de Sena Madureira verá uma mudança significativa em suas condições de vida ou se continuará a enfrentar desafios devido à falta de planejamento e execução por parte de seus líderes eleitos.
A reflexão necessária vai além da obra em si; trata-se de repensar como as decisões políticas podem ser mais inclusivas, transparentes e verdadeiramente voltadas para o bem-estar de toda a comunidade. Para os produtores rurais de Sena Madureira, a espera por um novo espaço de armazenamento continua, enquanto as promessas feitas pela gestão municipal ainda não se concretizaram por completo.