22 novembro 2024

La Niña, que pode aliviar o calor atual, tem 60% de chance de ocorrer

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Anomalias da temperatura da superfície do mar em 9 de setembro. — Foto: NOAA

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) informou nesta quarta-feira (11) que há 60% de probabilidade de surgirem condições de La Niña entre o fim deste ano e o início de 2025. Embora a previsão represente uma leve queda em relação a meses anteriores, a expectativa de que o fenômeno ocorra ainda permanece alta.

Em junho, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontava uma chance de 69% de formação do La Niña a partir de julho. Em agosto, essa probabilidade caiu para 66%. Agora, as previsões mais recentes indicam que as condições neutras — sem a presença de El Niño ou La Niña — podem passar para um La Niña com 60% de probabilidade entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025.

O Que é o La Niña?

O La Niña é um fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico Central e Leste, que ocorre quando há uma redução de pelo menos 0,5°C na temperatura da superfície do oceano. Esse fenômeno acontece, em média, a cada 3 a 5 anos e pode durar vários meses.

Impactos no Brasil

Os efeitos do La Niña variam de acordo com a intensidade, a duração e a interação com outros fatores climáticos. No Brasil, os impactos clássicos do fenômeno incluem:

  • Aumento de chuvas no Norte e Nordeste, especialmente em áreas próximas à linha do Equador.
  • Tempo seco no Centro-Sul, com chuvas mais irregulares e concentradas.
  • Tendência de seca no Sul, região que pode sofrer com períodos prolongados de estiagem.
  • Entrada de massas de ar frio, gerando maior variação térmica em todo o país.

Segundo Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo, apesar de as previsões indicarem a formação do La Niña, ainda é necessário acompanhar de perto seu comportamento. “Precisamos ver, na prática, como o La Niña vai se comportar. Teoricamente, ele intensifica as chuvas no Norte e Nordeste do Brasil, mas o impacto no clima global não é tão simples”, explica Luengo.

Comparação com o El Niño

Neste ano, o El Niño foi um dos mais intensos já registrados, afetando o clima em várias regiões do Brasil. Enquanto o El Niño provoca secas no Norte e Nordeste e chuvas excessivas no Sul e Sudeste, o La Niña tende a causar o efeito oposto, aumentando as chuvas no Norte e Nordeste e reduzindo a precipitação no Sul.

Mudanças Climáticas em Longo Prazo

A OMM alertou que, independentemente do surgimento do La Niña, o aquecimento global continua sendo uma preocupação. Mesmo que o La Niña traga um resfriamento temporário das águas do Pacífico, ele não altera a tendência de longo prazo do aumento das temperaturas globais, impulsionado pelas emissões de gases de efeito estufa.

“Os últimos nove anos foram os mais quentes já registrados, mesmo com a influência do resfriamento do La Niña prolongado entre 2020 e o início de 2023”, afirmou Celeste Saulo, secretária-geral da OMM. Segundo a organização, os efeitos das mudanças climáticas continuam a intensificar eventos climáticos extremos e alterar padrões sazonais de chuva e temperatura.

Previsões para o Resto de 2024

Com a expectativa de transição para La Niña, o mês de setembro deve manter condições de tempo seco em grande parte do Brasil, com chuvas acima da média apenas no extremo norte do país, sul do Mato Grosso do Sul, São Paulo e na região Sul. Em outras áreas, como o Centro-Oeste, Sudeste e interior do Nordeste, as precipitações devem ficar abaixo da média.

As temperaturas também devem seguir elevadas, com possibilidade de novas ondas de calor, especialmente em regiões como Pará, Amazonas, Rondônia, Tocantins e Mato Grosso, onde as médias podem ultrapassar os 30°C. Mesmo assim, áreas de maior altitude no Sul e Sudeste podem registrar temperaturas abaixo de 12°C.

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