Na madrugada desta quarta-feira (2), a cidade de Tarauacá, no interior do Acre, foi novamente abalada por um tremor de terra por volta das 4h20. O evento se segue ao primeiro tremor registrado na terça-feira (1º), que ocorreu acompanhado de um forte estrondo. Ambos os eventos foram confirmados pelo Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis-UFRN), Corpo de Bombeiros e Defesa Civil do município.
De acordo com o LabSis-UFRN, o primeiro abalo ocorreu às 20h42 do dia 1º, com uma magnitude preliminar de 2.2. Já o segundo tremor, às 4h21, atingiu uma magnitude de 4.1, sendo este o mais sentido pela população. O geofísico Eduardo Menezes, do LabSis-UFRN, explicou que tremores de menor magnitude frequentemente não são percebidos devido à profundidade, que varia de 400 a 600 km. “O tremor mais forte, de magnitude 4.1, foi de fato sentido. Tremores menores, como o de 2.2, geralmente não são percebidos a essa profundidade,” afirmou o especialista.
Recentemente, foram instaladas 11 estações de monitoramento entre o Acre, Amazônia e Rondônia, em colaboração com a Universidade Federal do Acre (Ufac) e a Universidade de Brasília (UnB), para estudar sismos profundos na região.
**Moradores Relatam Momentos de Tensão**
Fran Amauacas, produtor cultural e professor de educação física, estava acordado às 4h15 quando ouviu um estrondo que o fez levantar-se rapidamente. “Foi um barulho muito forte, como se algo tivesse explodido. Parecia um impacto, como em filmes de ação. Fiquei em estado de choque e bem assustado,” compartilhou.
O coordenador da Defesa Civil de Tarauacá, João Luiz Melo Gonzaga, atribuiu os tremores à proximidade da cidade com as placas tectônicas de Nazca e Sul-Americana, assim como à cordilheira dos Andes. “Tarauacá já registrou um dos maiores terremotos do Brasil em 1963 e 1974. Estamos próximos das placas tectônicas, e um abalo sísmico no Chile, de magnitude 6.6, foi sentido aqui,” disse Gonzaga.
**Danos e Crenças Populares**
Embora os tremores tenham causado pequenos danos, como janelas quebradas e pisos rachados, não há vítimas. “As ocorrências são monitoradas e, apesar de muitos temerem, os danos foram leves,” afirmou Gonzaga. O coordenador ainda mencionou que algumas pessoas acreditam que os eventos estão relacionados a fenômenos sobrenaturais, levando um aumento na frequência de fiéis nas igrejas locais.
O professor Dr. Romero Pinheiro, coordenador do laboratório de Geofísica Aplicada da Ufac, confirmou as informações da Defesa Civil, explicando que os tremores são causados por um processo de subducção, onde uma placa tectônica mais densa se afunda sob outra. “Embora muitos eventos sejam profundos, os que ocorreram em Tarauacá são rasos, resultando em tremores sentidos pela população,” concluiu.
