17 outubro 2024

SUS garante tratamento eficaz para pacientes transplantados com HIV, afirma infectologista

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No Brasil, a presença do vírus HIV nos doadores de órgãos ainda impede a doação, apesar de pessoas já infectadas pelo HIV poderem receber transplantes. A infectologista Lígia Pierrotti, do Comitê Científico de Infecção em Transplantes da Sociedade Brasileira de Infectologia, destacou que o caso recente de seis pacientes no Rio de Janeiro, infectados pelo HIV após transplantes, é inédito e deve ser tratado como uma situação grave.

“É inaceitável, o que aconteceu é criminoso”, declarou Pierrotti. No entanto, ela ressaltou que o Sistema Único de Saúde (SUS) possui protocolos bem estabelecidos para cuidar de pacientes transplantados que já eram soropositivos antes do procedimento. “Já temos bastante experiência com isso”, afirmou.

Após o transplante, todos os pacientes precisam tomar medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do órgão. Esses medicamentos são compatíveis com o tratamento antirretroviral (o coquetel para HIV), permitindo o acompanhamento contínuo dos pacientes. “Eles farão uso dessas medicações pelo resto da vida, com equipes especializadas para garantir o funcionamento do órgão e o tratamento do HIV”, explicou Pierrotti.

Além disso, a médica destacou que os pacientes transplantados que contraem HIV posteriormente também podem seguir o tratamento normalmente. Segundo ela, os avanços nos medicamentos antirretrovirais ao longo dos últimos 30 anos garantiram mais segurança e conforto para os pacientes.

Doação de órgãos e exames preventivos

No Brasil, a infecção por HIV e o vírus HTLV (linfotrópico de células T humanas), além da tuberculose ativa, são fatores que impedem a doação de órgãos. Para garantir a segurança do transplante, são realizados vários exames nos potenciais doadores. No caso dos seis pacientes infectados no Rio de Janeiro, houve uma falha nesta etapa, considerada sem precedentes pela infectologista.

Pierrotti reforça que as normas de segurança são adequadas, mas que houve um descumprimento dos protocolos existentes. “Não foi uma falha nas regras, mas em seguir o que é preconizado. Temos diretrizes claras desde a identificação do doador até o acompanhamento pós-transplante”, afirmou.

Sistema de transplantes no Brasil

O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é o maior programa público de transplantes de órgãos, tecidos e células do mundo, financiando cerca de 88% dos procedimentos no país por meio do SUS. O transplante pode salvar vidas, como no caso de órgãos vitais, ou melhorar significativamente a qualidade de vida, como com os rins.

Atualmente, 44.844 pessoas aguardam um transplante no Brasil, sendo a maioria delas (41.445) na fila por um rim. O fígado é o segundo órgão mais solicitado, com 2.325 pessoas na espera, seguido pelo coração, com 436. O estado de São Paulo lidera a lista de espera, com 21.601 pessoas, enquanto o Rio de Janeiro ocupa a quinta posição, com 2.160 pacientes aguardando.

Via Agência Brasil.

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