O mais recente Boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta sinais positivos no Acre e no Pará, onde há indícios de estabilização ou início de queda nos casos graves de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre idosos, potencialmente associados à Covid-19. Esse cenário acompanha a tendência de diminuição dos novos casos de SRAG em grande parte dos estados do Centro-Sul do país.
No entanto, Mato Grosso e Pernambuco ainda enfrentam o crescimento de casos graves de SRAG. Em Pernambuco, o aumento é mais evidente, sendo o único estado que registra casos graves de rinovírus, principalmente entre crianças e adolescentes de 5 a 14 anos, além de uma elevação nos casos de Covid-19 entre adultos e idosos.
Apesar da melhora no quadro epidemiológico, a pesquisadora da Fiocruz, Tatiana Portella, reforça a importância de continuar adotando medidas preventivas. “Recomendamos o uso de boas máscaras ao sair de casa caso apareçam sintomas de síndrome gripal, como nariz escorrendo, tosse, garganta arranhada ou espirros. Essa simples atitude pode evitar a transmissão de vírus respiratórios, ajudando a manter a circulação desses agentes em baixa”, destacou.
Crescimento de casos
Embora haja um cenário de queda em muitos estados, seis capitais ainda apresentam aumento nos casos de SRAG: Brasília (Distrito Federal), Macapá (Amapá), Manaus (Amazonas), Natal (Rio Grande do Norte), Rio Branco (Acre) e São Luís (Maranhão).
Até o momento, em 2024, foram notificados 144.365 casos de SRAG no Brasil. Destes, 47,5% testaram positivo para algum vírus respiratório, enquanto 5,5% aguardam resultados de exames. Entre os casos confirmados, 17,9% foram atribuídos à influenza A, 1,2% à influenza B, 37,5% ao vírus sincicial respiratório (VSR), 25,1% ao rinovírus e 18,9% à Covid-19. Nos casos de óbito, 28,7% estavam relacionados à influenza A, 13% à influenza B, 9% ao VSR, 8,5% ao rinovírus e 52% à Covid-19.
O Boletim InfoGripe, referente à Semana Epidemiológica 41, foi baseado nos dados coletados entre 6 e 12 de outubro, e fornece um panorama detalhado sobre a presença de diferentes vírus respiratórios, como o VSR, rinovírus, influenza e Covid-19.
Vírus Sincicial Respiratório (VSR)
O VSR afeta principalmente crianças pequenas, com menos de dois anos, e idosos acima de 65 anos. É conhecido por causar bronquiolite em crianças. Tatiana Portella alerta para a atenção aos sintomas em crianças pequenas, como dificuldade para respirar e lábios arroxeados, o que pode indicar a evolução para um quadro mais grave, exigindo atendimento médico imediato.
Influenza A (H1N1)
Também conhecida como gripe H1N1, a Influenza A continua circulando fortemente pelo país em 2024. Seus sintomas são similares a outros vírus respiratórios, como febre súbita, tosse e calafrios. Assim como os demais vírus, os grupos mais vulneráveis incluem idosos, crianças pequenas e pessoas com comorbidades.
Rinovírus
O rinovírus afeta principalmente crianças pequenas, podendo evoluir para bronquite em alguns casos, embora seja uma doença autolimitada, com recuperação em 7 a 14 dias. Crianças com histórico de asma ou doenças crônicas nos pulmões, bem como pessoas imunossuprimidas, devem ficar atentas, pois o vírus pode evoluir para formas mais graves.
Covid-19
Apesar de a pandemia ter diminuído sua gravidade inicial, a Covid-19 ainda representa uma ameaça significativa devido às mutações que o vírus sofre ao longo do tempo. As novas variantes são altamente contagiosas, o que mantém a Covid-19 como uma das principais causas de SRAG.
Tatiana Portella enfatiza a importância da vacinação anual contra a Covid-19, principalmente devido à atualização das vacinas para as novas variantes. “A vacina atual oferece uma proteção mais eficaz do que as doses anteriores, por isso é importante que as pessoas mantenham sua imunização em dia”, concluiu a pesquisadora.