O estado do Acre levou 20 propostas e uma delegação composta por 32 representantes votantes à 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), que ocorre em Brasília entre os dias 6 e 8 de maio. O evento, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, reúne lideranças de todos os estados brasileiros para definir diretrizes da nova Política Nacional de Meio Ambiente.
A delegação acreana é formada por representantes de movimentos sociais, povos indígenas, juventude, gestores públicos e ambientalistas. Todos foram eleitos durante a etapa estadual da conferência, realizada em Rio Branco no início de abril. O destaque é o engajamento das comunidades tradicionais e a defesa de práticas sustentáveis com base nos saberes locais.
Entre as 20 propostas levadas pelo Acre, a principal diz respeito à valorização da floresta em pé por meio de incentivos à bioeconomia, agroecologia e extrativismo sustentável. A proposta prevê a criação de linhas de crédito específicas para pequenos produtores e cooperativas que adotem práticas ambientalmente corretas, além de um marco regulatório para garantir a rastreabilidade e o comércio justo de produtos da floresta.
Mudança estratégica: o que essa proposta pode transformar
Se aprovada e implementada, a proposta tem potencial de mudar significativamente a economia regional e a relação entre desenvolvimento e preservação ambiental. Ao estimular a bioeconomia, o Acre aposta na geração de renda para comunidades locais sem destruir a floresta, o que pode servir de modelo para outros estados da Amazônia Legal.
Além disso, outras propostas defendem:
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A criação de um fundo nacional específico para financiar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas nos estados amazônicos.
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O fortalecimento de políticas públicas voltadas à educação ambiental nas escolas.
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O reconhecimento e valorização dos conhecimentos tradicionais como parte das soluções climáticas.
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A integração de dados entre os estados da Amazônia para o combate ao desmatamento e queimadas ilegais.
Segundo a coordenadora da delegação acreana, Maria Oliveira, “essas propostas refletem as necessidades reais das populações que vivem da floresta e mostram que é possível desenvolver com responsabilidade”.
Participação histórica
O número de delegados do Acre também impressiona: 32 representantes com direito a voto, o que representa um avanço na participação popular e regional nas decisões nacionais. “É a primeira vez que conseguimos articular uma delegação tão representativa e preparada. O Acre tem voz e vai usá-la com responsabilidade”, destacou o secretário estadual de Meio Ambiente, Michel Miragaya.
Durante os três dias de conferência, os delegados debaterão as propostas com representantes de outros estados e do governo federal. As contribuições mais votadas integrarão um relatório final que servirá de base para revisão da Política Nacional de Meio Ambiente, com impacto direto nos próximos planos e programas do setor.
Conclusão
A presença ativa do Acre na 5ª CNMA simboliza mais que representatividade: é um passo estratégico rumo ao protagonismo ambiental. As propostas defendidas pela delegação podem redefinir a forma como o Brasil enxerga e protege a Amazônia, promovendo um modelo de desenvolvimento sustentável baseado no respeito à floresta e às populações que dela dependem.