
A tarifa, que passou de 25% para 50%, foi anunciada por Trump como parte de uma estratégia para proteger a indústria siderúrgica americana. No entanto, segundo Alckmin, trata-se de uma medida de caráter protecionista que desorganiza cadeias produtivas integradas e pode provocar aumento de preços para o consumidor final. “É ruim para todo mundo. Vai encarecer os produtos”, afirmou Alckmin durante agenda oficial em Minas Gerais.
O Brasil é um dos principais exportadores de aço para os Estados Unidos, com destaque para o fornecimento de placas de aço utilizadas por diversas indústrias americanas. De acordo com dados da indústria, em 2024, os EUA importaram cerca de 6 milhões de toneladas de placas de aço, sendo 3,4 milhões provenientes do Brasil. A nova tarifa pode inviabilizar essas exportações, impactando diretamente o setor siderúrgico brasileiro.
Para o Acre, os efeitos indiretos da medida também merecem atenção. O setor de construção civil, que já enfrenta alta nos custos, pode sentir os reflexos de um possível encarecimento do aço nacional, pressionado pelo redirecionamento da produção inicialmente voltada à exportação. Obras públicas e privadas, que dependem fortemente desse insumo, podem sofrer com aumento de custos e atrasos, afetando desde pequenas empresas até grandes empreiteiras que atuam no estado.
Geraldo Alckmin explicou que o Brasil já iniciou um processo de diálogo com os Estados Unidos. Um grupo de trabalho foi criado com participação dos Ministérios da Indústria e do Itamaraty, enquanto as tratativas com o governo americano estão sendo conduzidas pelo USTR (Representante de Comércio dos EUA). “Já tivemos reuniões presenciais e por videoconferência, e vamos aprofundar esse diálogo. O Brasil não é um problema para os EUA. Praticamos tarifa zero para oito dos dez principais produtos que eles exportam para cá”, destacou.
Para analistas econômicos, a nova tarifa de Trump é um movimento estratégico em ano eleitoral, buscando apoio de setores industriais americanos. No entanto, o impacto negativo pode ser sentido por empresas americanas que dependem do aço brasileiro em sua linha de produção, como montadoras, fabricantes de máquinas pesadas e setor aeronáutico. Com insumos mais caros, a competitividade dessas empresas tende a cair.
O Instituto Aço Brasil, que representa os produtores nacionais, divulgou nota afirmando que a decisão de Trump prejudica tanto a indústria brasileira quanto a americana. A entidade defende a retomada das condições anteriores de exportação e afirma que a relação comercial entre os dois países é benéfica para ambos. “As siderúrgicas dos EUA dependem do aço brasileiro. Essa medida pode trazer escassez e elevação de preços no mercado interno americano”, aponta o comunicado.
Enquanto as negociações avançam nos bastidores diplomáticos, o setor produtivo brasileiro segue em alerta. A nova política tarifária dos Estados Unidos, caso se consolide, exigirá adaptações e poderá comprometer empregos, investimentos e crescimento em diversos estados brasileiros — inclusive no Acre, onde o fornecimento de aço é crucial para obras de infraestrutura e programas habitacionais.
Com o cenário externo cada vez mais volátil, o governo brasileiro busca preservar os interesses comerciais do país, garantir a estabilidade de suas exportações e evitar que disputas protecionistas prejudiquem setores produtivos nacionais.






