Cinco pacientes de três estados foram beneficiados com os órgãos do cantor e radialista Giovanni Accioly, de 33 anos, que teve a morte confirmada na quarta-feira (4) após um acidente de trânsito. A família informou que foram doados os dois rins, o fígado e as duas córneas do cantor para pacientes do Acre, Brasília e Goiânia
“Giovanni era um dos músicos mais queridos do município, foi para Rio Branco e levou esse carisma dele. Muitos aí gostavam dele, tinha uma banda que tocava na igreja católica. Trouxemos ele para cá [Tarauacá] teve cortejo já na rotatória de Feijó esperando para seguir até Tarauacá”, relembrou o pai do cantor e também radialista, Raimundo Accioly.
O último adeus para o cantor foi dado com festa e um show no sábado (7), em Tarauacá. O corpo do radialista foi levado para o cemitério em cima de um carro do Corpo de Bombeiros. “Ele dizia que no velório dele era para ter música ao vivo, os amigos tocando. Disse isso brincando, mas atendemos esse pedido dele. Todo mundo se mobilizou, doaram material de som e muita música ao vivo e som”, destacou.
O cantor e radialista teve a morte cerebral confirmada na noite de quarta (4). Ele teve traumatismo craniano e estava em estado grave no Pronto Socorro de Rio Branco depois de bater o carro que dirigia contra uma carreta estacionada em frente ao antigo hospital da cidade de Tarauacá, no interior do Acre, no dia 1. Ele foi transferido para a capital em uma UTI no ar no dia 2.
A Prefeitura de Tarauacá decretou luto oficial pela em homenagem à memória cantor. O decreto foi publicado na sexta (6), no Diário Oficial do Estado (DOE).
Após confirmar a morte cerebral dele, a família anunciou que iria doar os órgãos dele. O procedimento foi feito na sexta (6) na Central de Transplante do Acre.
Pacientes beneficiados
Ao G1, a coordenadora da Central de Transplantes, Regiane Ferrari, explicou que as córneas do cantor vão ser doadas para dois pacientes do Acre, o fígado já foi transplantado para um homem de 59 anos que mora na zona rural de Cruzeiro do Sul, no interior; o rim direito do cantor foi doado para um homem do Distrito Federal, em Brasília, e o esquerdo para uma mulher que mora em Goiânia.
“Só mediante um termo assinado, uma boa conversa com a família olho no olho, são avisados sobre todo processo, o que vai ser retirado e, então, damos início ao processo de preparação do centro cirúrgico e retirada dos órgãos”, reforçou.
Regiane acrescentou que os dois rins foram levados por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para os hospitais onde foram feitos os transplantes. Ela complementou que não conseguiram uma logística maior para doar também outros órgãos, como o coração que tem um prazo para retirada menor.
“Ele podia doar pulmões, porque acho que não era fumante, coração, osso, pele, intestino e outros. Só que esses órgãos precisam de uma logística melhor, o tempo de validade, que chamamos de tempo de isquemia, é menor. Então, um coração tem um tempo de quatro horas e não temos uma logística viável para que em quatro horas retire o coração e leve para Brasília, por exemplo”, destacou.
A coordenadora afirmou também que as equipes concluem que órgãos vão ser retirados e para quem vão ser doados antes de iniciar o procedimento.
“A gente já trabalha alocar tudo porque não vamos ficar retirando órgãos desnecessariamente. Tem custos e tudo. A nossa doação no Brasil é consentida, só parente de primeiro grau e cônjuge que pode assinar um termo autorizado. A pessoa tem que avisar a família”, disse.