9 dezembro 2025

Opinião: Entre Hytalo Santos e Bia Miranda, o jornalismo da Globo se rende ao digital

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O “Jornal Nacional” nunca foi um telejornal qualquer. Durante décadas, ele ditou a agenda do Brasil, decidindo quais fatos mereciam espaço no horário nobre. Só que o jogo mudou: hoje, a pauta não nasce mais apenas em gabinetes de Brasília ou nas redações — ela nasce, e se espalha, nas redes sociais. E a Globo parece finalmente ter entendido isso.

Nesta semana vimos dois exemplos claros. Primeiro, a cobertura intensa do caso Felca/Hytalo Santos, que deixou de ser assunto de nicho do YouTube para ganhar espaço diário no maior telejornal do país. O “JN” tratou com seriedade, acompanhou os desdobramentos e mostrou que influenciadores digitais podem ter tanto impacto social quanto políticos ou celebridades tradicionais.

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Na quarta-feira (18), veio outro sinal: a notícia do acidente envolvendo Bia Miranda e Gato Preto. Não houve vítimas fatais, não foi um acidente de grandes proporções. Mas o caso foi parar no “Jornal Nacional” porque, ao longo do dia, já dominava o noticiário paralelo da internet. A Globo entendeu que, se milhões de brasileiros estavam falando disso, não fazia sentido ignorar.

Essa mudança é significativa. O telejornal que sempre esteve na posição de “definir o que importa” agora passa também a ouvir o que já está em circulação. Não é uma concessão, é uma estratégia: manter a relevância em um cenário onde a atenção do público é disputada segundo a segundo.

Claro, isso levanta uma pergunta inevitável: até onde vai esse movimento? O “JN” vai virar um reflexo das redes ou vai conseguir equilibrar o factual tradicional com o barulho digital? O risco de embarcar em ondas passageiras existe, mas o ganho imediato é evidente — aproximação com um público jovem que, muitas vezes, nem sabia o que era pauta do “Jornal Nacional”.

No fim das contas, o que está em jogo é a própria ideia de “noticiabilidade”. Hoje, não basta o fato ser grave ou inédito; ele precisa repercutir. E nesse novo critério, a voz das redes sociais pesa cada vez mais. A Globo demorou, mas parece ter percebido que a conversa nacional não se dá só em Brasília — ela também acontece no feed, no stories, no Twitter. E se o maior telejornal do país quer continuar a ser a “cara do Brasil”, precisa estar onde o Brasil realmente fala.

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