Belo Horizonte (MG) — Lázaro Ramos é um dos mais talentosos e versáteis atores brasileiros contemporâneos, conhecido pela habilidade de transitar entre teatro, cinema, televisão e literatura com grande maestria.
Nascido na Bahia, o artista conquistou o público e a crítica ao longo da carreira, destacando-se não apenas pela presença marcante e carisma, mas também pelo compromisso em abordar temas sociais importantes por meio de seus trabalhos.
Além de ator, ele é apresentador, escritor e diretor, tornando-se uma referência cultural e um ícone na valorização da diversidade e da representatividade no Brasil.
Em entrevista ao Metrópoles, durante o Hotmart Fire 2025, maior evento de Creator Economy da América Latina, que ocorreu entre 28 e 30 de agosto, o artista contou como é a presença dele no digital e tratou dos desafios de empreender.
Confira a entrevista completa:
Qual o principal objetivo da sua presença digital?
Além de ser uma plataforma de comunicação, é uma referência dos meus pensamentos, projetos e dos estímulos que eu quero levar para o mundo. Também acredito que quero conseguir me manter fiel aos meus valores.
É um lugar que, muitas vezes, seguimos o algoritmo e acabamos nos perdendo, e eu já passei desse momento.
Hoje, a minha presença é para falar das minhas criações na literatura e, ao mesmo tempo, entender que, dentro das mídias digitais, eu consigo comunicar coisas que não conseguirei comunicar em outro lugar.
Você possui um planejamento de conteúdo ou atua de forma espontânea?
Alguns conteúdos são mais espontâneos, como stories, por exemplo, alguns textos para o LinkedIn. Eu falo que eu aprendi isso no meu trabalho.
Dessa forma, estruturo o texto e publico, mas hoje em dia tenho uma equipe que tem competência estética que é importante, mas ao mesmo tempo sou uma pessoa bastante autoral.
Escrevo meus livros, dirijo meus filmes e busco instruir minha equipe para os temas e o jeito que eu gostaria de falar, tentando me manter fiel, entendendo que, às vezes, tem uma postagem que não dará um número grande de visualizações, mas que é importante para eu me posicionar diante daquilo que acredito.
Você transita entre tantos papéis: ator, diretor, escritor, apresentador… Como você enxerga sua identidade criativa hoje?
Eu sou um facilitador de conversas, eu falo de temas difíceis com humor ou aproximação e, ao mesmo tempo, uso isso para entreter as pessoas.
Talvez ser um facilitador de conversas, aprendizados e histórias seja meu maior diferencial.
Onde você busca inspiração para contar histórias que se conectam tão profundamente com o público?
Todos os dias busco inspiração. Às vezes vem de uma pessoa que me fala coisas e até os seguidores que me fazem muitas provocações no direct do Instagram. Também sou uma pessoa que anoto muito em qualquer lugar, até em um guardanapo.
A minha vida é um caos e, em algum momento, eu pego um papel e acabo sabendo o que vou falar sobre determinado assunto.
Em que momento da sua carreira você percebeu que sua voz tinha impacto além da arte?
Acho que foi na junção dos personagens Madame Satã e Foguinho. O primeiro no cinema me trouxe prestígio e as pessoas começaram a se interessar pelo que eu era; e o Foguinho trouxe uma coisa muito importante: que foi não ter medo de ser popular.
Antes do Foguinho, eu tinha medo de ser popular. Eu gostaria muito de ser um ator de prestígio e de trabalho de qualidade, mas eu tinha medo de falar com mais pessoas, e o Foguinho me mostrou o contrário.
A arte, muitas vezes, é uma forma de empreender com propósito. Como você enxerga o artista como empreendedor?
É um grande desafio, pois não me considero um empreendedor. Se eu pudesse, não negociava contrato com ninguém, não produziria nada nem geria uma equipe.
O meu grande talento é ser ator, sou muito feliz decorarando texto e entretendo, mas empreender é uma necessidade, porque é um mercado em eterna transformação.
Se a gente não aprender como lidar com isso, ficaremos reféns de ter um convite e isso não é uma realidade para permanecer nessa posição.
Precisamos empreender pela necessidade. A gente coloca nossas fragilidades de lado e vai aprendendo para conseguir existir nessa profissão tão desafiadora.
O que é ser um criador com propósito no Brasil de hoje?
Entender quais são os ouvidos que a gente tem, pois há pessoas que têm dificuldade de compreender o que queremos falar.
Precisamos ter a humildade de rever a nossa linguagem para se comunicar e ser uma pessoa que entende que tudo aquilo que a gente diz tem valor e transforma vidas.
Isso parece uma frase feita, mas transforma.
Eu vejo isso quando eu falo de um assunto que emociona as pessoas e como elas levam isso para a vida delas. Vejo como elas riem de uma coisa que coloquei na internet e como isso deixa o dia delas melhor. Isso deve ser feito com muita resposabilidade.
*A jornalista viajou a convite da Hotmart para cobrir o evento durante os três dias.






