Nesta segunda-feira (13), Patrícia Poeta apresentou o “Encontro” diretamente de Belém, durante a celebração do Círio de Nazaré — uma das maiores manifestações religiosas do país. Lá, em meio a uma multidão emocionada, ela se destacou não apenas como jornalista, mas como uma figura pública que sabe acolher. Circularam nas redes sociais diversos vídeos mostrando a apresentadora sendo cercada por fãs, recebida com carinho e devolvendo esse afeto com atenção, sorriso e paciência — mesmo quando a equipe de segurança tentava conter a aproximação. Mas essa imagem — generosa, disponível, popular — contrasta com a forma como Patrícia é frequentemente tratada na internet.
Poucas figuras da televisão brasileira recebem tanto hate gratuito quanto ela. Tudo vira motivo para crítica: sua postura, sua roupa, sua voz, sua expressão. E mais do que isso — críticas transformadas em narrativas fixas, como se uma falha pontual bastasse para definir uma pessoa inteira. Parte disso, talvez, se deva ao silêncio que Patrícia escolheu adotar diante das críticas. Ela raramente responde, quase nunca rebate. E, na lógica acelerada e impaciente da internet, quem não se defende vira culpado. O que não é respondido, vira verdade.
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Mas talvez esse silêncio seja menos indiferença e mais maturidade. Talvez ela tenha entendido que bater boca em rede social não leva a lugar nenhum. Que alimentar polêmica para “limpar a própria imagem” só reforça o ruído. Que o tempo e a consistência do trabalho ainda podem — ou deveriam — falar mais alto.
Patrícia parece gostar do que faz. Está ali, diariamente, em um dos horários mais difíceis da televisão, lidando com plateia ao vivo, atualidades, entrevistas, comentários, improviso. E está ali de forma inteira. Aberta. Solícita. Quem se deu ao trabalho de observar sua passagem por Belém viu isso com clareza: ela gosta de gente. E gente gosta dela.
O problema é que, em tempos de julgamento instantâneo e certezas rasas, gostar de alguém publicamente virou quase um ato de resistência. Reconhecer o profissionalismo de uma mulher que ocupa um cargo de visibilidade na TV pode parecer, para muitos, uma provocação. Especialmente quando essa mulher não se encaixa no perfil da “apresentadora ideal” que a internet — tão contraditória — insiste em imaginar, mas nunca consegue definir.
Talvez o incômodo com Patrícia Poeta tenha mais a ver com projeção do que com realidade. E talvez seja hora de olhar com mais calma, mais justiça — e menos veneno. O Círio é um momento de fé, de acolhimento, de reconexão com o que importa. E, ao que tudo indica, Patrícia entendeu perfeitamente o espírito da coisa. A pergunta é: será que o público está disposto a fazer o mesmo?






