A nova novela das nove da Globo, “Três Graças”, estreou nesta segunda-feira (20) com tudo o que o público esperava de um texto assinado por Aguinaldo Silva: drama, ironia, crítica social sem panfleto e o bom e velho tempero do folhetim clássico. Logo no primeiro capítulo, a trama mostrou ritmo, identidade e aquela mistura de exagero e realismo que sempre marcaram as grandes novelas do autor.
Um dos momentos mais comentados da estreia foi a cena em que Gerluce (Sophie Charlotte) leva a filha Joélly (Alana Cabral) a um posto de saúde para fazer um exame de gravidez. Ao chegar, ela se depara com uma sala cheia de meninas e mulheres grávidas — e lança a pergunta que dominou as redes sociais: “Agora me diz: cê tá vendo algum homem com elas?”.
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A fala virou viral instantaneamente como exemplo de crítica social feita com naturalidade, sem precisar de discursos ou explicações. É o tipo de texto que confia no espectador — e que mostra Aguinaldo em plena forma.
“Três Graças” é a celebração do retorno do dramalhão clássico, com fotografia elegante, zooms dramáticos, e uma direção que resgata o olhar artesanal da teledramaturgia da Globo. Até os movimentos de câmera foram um charme à parte.
No elenco, Sophie Charlotte teve uma estreia firme, com entrega emocional e nuances de naturalismo que prendem o olhar. Grazi Massafera também agradou, construindo uma vilã de presença marcante, sofisticada e com aquele ar de glamour e perigo que o público adora. A química entre Grazi e Murilo Benício foi elogiada — mas o sotaque do ator, não.
Embora Murilo seja um dos grandes nomes do elenco e demonstre entrosamento evidente com Grazi, o sotaque forçado acabou destoando em alguns momentos. Em certas cenas, chega a dificultar a compreensão do diálogo. Nada que um ajuste de ritmo e modulação não resolva nas próximas semanas, mas foi algo que chamou atenção logo de cara.
De resto, o texto fluiu com força, equilibrando emoção e crítica, e mostrando que é possível tratar de temas sociais sem perder o sabor da ficção. A trilha sonora — com pagode, samba e ritmos populares — também foi destaque, ajudando a compor o retrato contemporâneo da trama.
No saldo final, “Três Graças” estreou com alma de novela — e isso já foi o suficiente para conquistar o público. É melodrama, é exagero, é crítica — e, acima de tudo, é entretenimento. Um primeiro capítulo promissor que confirma: Aguinaldo Silva voltou em plena forma, e o público estava com saudade desse tipo de novela.






