Em meio a uma avalanche de cinebiografias, no Brasil e no mundo, algumas tropeçam pelo excesso ou pela falta. Achar o tom para registrar uma vida notável no cinema tornou-se um desafio de alto nível em uma indústria acelerada e desesperada por bons valores. No caso de “Mauricio de Sousa – O Filme”, a delicadeza e a leveza foram essenciais para um bom longa, com diversão garantida para a toda família.
O filme mostra a vida de Mauricio de Sousa, o cartunista que dispensa apresentações, da infância até o seu primeiro gibi publicado pela Bidulândia (atual Mauricio de Sousa Produções). O recorte é um acerto, visto que as mensagens de humildade e perseverança circundam a narrativa toda.
Veja as fotosAbrir em tela cheia “Mauricio de Sousa – O Filme” estreará em 23 de outubroReprodução “Mauricio de Sousa – O Filme” estreará em 23 de outubroReprodução “Mauricio de Sousa – O Filme” estreará em 23 de outubroReprodução “Mauricio de Sousa – O Filme” estreará em 23 de outubroReprodução “Mauricio de Sousa – O Filme” estreará em 23 de outubroReprodução
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O longa se inicia mostrando o Mauricio inventivo na infância, em uma performance calorosa de Diego Laumar. Ainda criança, o filme mostra a importância da sua relação com o pai e com a avó, principalmente, e como ele adquiriu a paixão pelas revistas e pelos desenhos.
Em uma das várias cenas recheadas de cafonice e fofura, um professor condena Mauricio por ler quadrinhos e organiza uma queima de livros com as revistas dos alunos. A cena funciona como um código que monta o futuro cartunista como um herói que passou por vários obstáculos. E essa é a técnica do filme: você se conecta com a jornada de Mauricio além do estrelato e compreende que toda a aclamação não veio da noite para o dia.
Na fase adolescente e adulta, interpretada por Mauro Sousa, filho de Mauricio, o longa começa a ganhar contornos motivacionais e o texto enfraquece. Porém, a emoção toma conta. Se deparar com a São Paulo do meio do século XX (que é muito bem montada e ambientada, por sinal) traz uma nostalgia refrescante, mas quem ganha a cena é o processo de criação dos célebres personagens.
O tom do filme também começa a ganhar forma. Mauricio iniciou como jornalista na capital paulista e foi comendo pelas beiradas até ganhar a primeira chance como cartunista. A partir daí, vemos os vários percalços que ele enfrentou: muita portada na cara, recusas de editoras e chances conquistadas se esvaindo.
Conforme Mauricio de Sousa vai ganhando espaço como cartunista em grandes jornais, o Bidu surge como seu trunfo. Além do trabalho, o longa mostra o Mauricio no lado mais pessoal, ainda que bastante raso. A relação do cartunista com a primeira esposa, Marilene (interpretada lindamente por Thati Lopes), é divertida, mas nada além disso. Os famigerados boletos também surgem em meio a tantos desafios, o que o obriga a pedir ajuda da avó.
Na construção da família, nos conectamos mais com o filme e com o protagonista. As obrigações de Mauricio como chefe do lar começam a crescer, mas sua criatividade explode. Nessa, nascem personagens célebres como Cebolinha, Cascão, Mônica e Magali. O processo emociona do começo ao fim. É impossível até mesmo a pessoa com o coração mais cabeludo não derramar uma lágrima com a subida do longa.
E esse é o propósito do filme. Ele não tenta vender a imagem de vencedor de Oscar, longe disso. “Mauricio de Sousa – O Filme” é uma linda homenagem a uma das grandes personalidades brasileiras de todos os tempos, uma pessoa que marcou várias gerações com suas histórias e seus desenhos. E ainda em vida!
O que o longa precisa fazer, ele faz: informa, diverte e emociona. É um programa para toda a família, no sentido mais clássico do jargão. Os pais se divertem, e as crianças também. Se você estiver com tempo, vá se emocionar com o filme e se delicie com cada minuto.
Nota: 7,5






