10 dezembro 2025

Câmara aprova texto-base do PL Antifacção após debate acalorado; governo promete reverter mudanças no Senado

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Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

A Câmara dos Deputados aprovou, por 370 votos a 110, o texto-base do Projeto de Lei 5582/2025, conhecido como PL Antifacção, que endurece o combate ao crime organizado no país. O relator, deputado Guilherme Derrite (PP-SP), apresentou cinco versões do substitutivo e alterou pontos importantes da proposta enviada pelo governo federal, o que gerou forte reação da base governista.

O texto aumenta penas, facilita a apreensão de bens e cria novas regras para investigar e julgar facções criminosas. No entanto, parlamentares aliados ao governo afirmam que o relatório desvirtua o projeto original e prejudica o trabalho da Polícia Federal.

Agora, os deputados analisam os destaques que podem modificar trechos específicos, antes de o projeto seguir para o Senado.

Governo promete reagir no Senado

Lideranças governistas disseram que tentarão reverter as mudanças feitas por Derrite.

“Vamos lutar para retomar o texto original no Senado. O governo estudou esse tema por mais de seis meses”, afirmou o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ).

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou duramente o substitutivo, alegando que ele cria mecanismos que podem atrasar o confisco de bens de facções e retirar recursos da Polícia Federal.

Ela citou, por exemplo, a previsão de direcionar os valores dos bens apreendidos ao Fundo Nacional de Segurança Pública, reduzindo a autonomia financeira da PF.

Outra crítica do governo é que o relatório só permitiria ao Estado assumir bens de criminosos após o fim da ação penal — o que pode levar anos.

O substitutivo de Derrite prevê:

  • Penas de 20 a 40 anos para integrantes de facções e milícias, podendo chegar a 66 anos para líderes.

  • Aumento de 85% do tempo mínimo para progressão de regime.

  • Proibição de graça, anistia, indulto e liberdade condicional.

  • Possibilidade de apreensão prévia de bens, antes da decisão final da Justiça.

  • Participação ampliada do Ministério Público em investigações por meio dos GAECOs.

  • Criação do conceito de organização criminosa ultraviolenta.

  • Audiências de custódia preferencialmente por videoconferência.

  • Homicídios cometidos por facções julgados por colegiados, e não mais pelo tribunal do júri.

Tensão antes da votação

A base do governo tentou — sem sucesso — retirar o projeto da pauta alegando “descaracterização” da proposta original. Por 316 votos a 110, o plenário decidiu manter a votação.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu o substitutivo e afirmou que ele representa a resposta “mais dura” do Parlamento contra o crime organizado.

“Chefes de facções irão direto para presídios federais. Conversas com advogados serão gravadas e visitas íntimas serão proibidas”, listou.

Para Motta, a proposta do governo trouxe avanços, mas precisava de ajustes feitos por diferentes bancadas. O texto aprovado recebeu o nome de Marco Legal de Enfrentamento ao Crime Organizado.

Com informações via Agência Brasil.

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