Capitão Bolsonaro, generais, almirante, coronéis presos. Todos com trânsito em julgado. Condenados por atentado violento à democracia e ao estado de direito. Todos sem direito a novos recursos. Caberá ao STM decidir se tais elementos são dignos do oficialato, ou perderão as patentes. Difícil esperar um gesto a lá Alexandre de Moraes, mas, aguardemos. Temos uma mulher porreta na Presidência, Maria Elizabeth Guimaraes Teixeira Rocha. Beth, como é conhecida, só vota em caso de desempate.
Há dois outros considerados “liberais”, Tenente Brigadeiro do Ar Francisco Parente Camelo, e Veronica Sterman, a segunda mulher a assumir uma cadeira na corte. São 15 os ministros do STJ e o espirito de corpo pode prevalecer. Não será surpresa.
Entre os golpistas do chamado núcleo 1, apenas Anderson Torres foi para a Papudinha. Militares graúdos, cada um para seu cada qual. Generais na sede do Exército, almirante na sede da Marinha. Bolsonaro fica na PF, por enquanto. Moraes citou a prisão de Lula para justificar a decisão, e deixou claro, nas entrelinhas, que o conforto pode ser provisório. Se perderem as patentes, vão todos para a Papuda. Presos comuns.
Faltou o covarde Alexandre Ramagem. Ex-diretor de área sensível de informação, Ramagem fugiu para os Estados Unidos e terá a Interpol atrás dele para prendê-lo. Já há pedido de processo de extradição para o Brasil onde cumprirá pena de 16 anos, um mês e 15 dias. Moraes cassou seu mandato de deputado federal, e impugnou o cargo de delegado da PF.
O encerramento do julgamento do chamado núcleo 1 – começou em dezembro de 2023 – traz alivio às instituições democráticas. Faltam outros meliantes para serem julgados. Mas o País pode retomar sua relativa rotina. O ano eleitoral que chega promete aquecer as redes sociais e inflamar os discursos, os golpistas nunca serão esquecidos, não terão nova chance de ameaçar o País e a vida de governantes legitimamente eleitos.
Bolsonaristas vão espernear, gritando, com Tarcisio, Michele, seus filhos, por anistia. Mimimi. Condenado, Bolsonaro soluçará atrás das grades, imitando doentes com falta de ar. “Uma pena”, diria o laranjão que, parece, não mexerá numa única tarifa para tirar o mito da cadeia. Da nossa parte, nem pena. Não somos carcereiros.
MASTER E O BRB
Tudo passa pelo crime organizado. Daniel Vorcaro, preso quando tentava fugir do Brasil, não fazia distinção de classe. Um de seus negócios com o BRB de Ibaneis foi a venda de carteira de crédito de $ 303 milhões, da empresa de uma atendente de lanchonete em Brasilia. Salário de $ 1.486,00. A moça é investigada por crime com maquininha de cartão – com nome semelhante à da lanchonete onde trabalhava, desviava dinheiro dos clientes. Trambiqueira porta de cadeia.
Na operação Compliance Zero, Vorcaro e seis executivos foram presos. No BRB, o então presidente foi destituído. Cabe ao governador do DF indicar presidentes e diretores do BRB. Matéria publicada pelo ICL diz que a práxis da diretoria é consultar o governador sobre qualquer processo mais alentado. Reportagem desmentida pela assessoria de Ibaneis, por óbvio.
A Policia Federal tem muito a investigar. O Fundo Bravo do Master é gerido pela Reag, alvo de outra operação que atingiu o coração da Faria Lima, a Carbono Oculto. A Reag estava no meio dos elos de fintechs com os bandidos do PCC. Dono de aviões, mansões, barcos, joias, e muito dinheiro, Vorcaro deve passar um bom tempo atrás das grades. Falta gente graúda, do meio político, para ser investigada.
A prisão de Vorcaro foi retumbante para os correntistas do BRB. Com a medida, avalanche de denúncias contra a má gestão do Banco de Brasilia. O Banco Central impediu um mal maior com a compra do banco pelo BRB. Mas não evitou, há algumas semanas, a operação do Banco de Brasilia de substituição de ativos de $ 12 bilhões do Master, o que poderá causar perda milionária para o Banco de Brasilia. A operação é vultosa, põe em risco a saúde financeira do BRB – seu patrimônio líquido é de $ 4 bilhões. Há muito a ser explicado. Ibaneis insiste que o BRB está sólido. Pagar para ver.
Mirian Guaraciaba é jornalista






