23 dezembro 2025

Comercial da Havaianas com Fernanda Torres gera reação

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Um comercial da Havaianas estrelado por Fernanda Torres desencadeou críticas de políticos brasileiros ligados à direita e ampliou um debate que extrapolou as redes sociais, alcançando também o mercado financeiro. A peça publicitária foi lançada para a virada do ano e rapidamente ganhou repercussão política.

No vídeo, a atriz faz um jogo de palavras ao afirmar que não deseja que o público comece 2026 “com o pé direito”, defendendo, em seguida, a ideia de iniciar o ano “com os dois pés”, em alusão a atitude, movimento e entrega pessoal. A fala central do comercial diz:

“Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não é nada contra a sorte, mas vamos combinar: sorte não depende de você, depende de sorte. O que eu desejo é que você comece o ano novo com os dois pés. Os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser. Vai com tudo, de corpo e alma, da cabeça aos pés. Havaianas, todo mundo usa, todo mundo ama”.

O recurso de linguagem, no entanto, foi interpretado por parlamentares conservadores como uma provocação política. A reação incluiu manifestações públicas e pedidos de boicote à marca.

O ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro publicou um vídeo nas redes sociais em que aparece descartando um par de sandálias da empresa e afirmou que começaria o ano “com o pé direito, mas não de Havaianas”. Para ele, a campanha teria conotação ideológica e justificaria a interrupção do consumo dos produtos.

Já o deputado Nikolas Ferreira ironizou a campanha ao escrever que “Havaianas, nem todo mundo agora vai usar”, reforçando o chamado ao boicote. Outros políticos e influenciadores alinhados à direita também passaram a criticar a peça publicitária, associando-a a um suposto posicionamento político da marca.

Além da mensagem do comercial, críticos apontaram a escolha de Fernanda Torres como elemento simbólico. Neste ano, a atriz venceu o Oscar por sua atuação no filme Ainda Estou Aqui, que retrata a luta contra a ditadura militar no Brasil, o que, segundo parlamentares conservadores, reforçaria uma leitura política da campanha.

Até o momento, a Havaianas e sua controladora, a Alpargatas, não divulgaram nota oficial comentando a polêmica.

A controvérsia também repercutiu no mercado financeiro. Na segunda-feira, 22, as ações preferenciais da Alpargatas (ALPA4) registraram queda de cerca de 3% na B3, sendo negociadas em torno de R$ 11,36, após a reação negativa e os pedidos de boicote liderados por políticos da direita.

A Havaianas pertence à Alpargatas, empresa brasileira do setor de calçados com capital aberto. A marca é o principal ativo da companhia e responde por parcela relevante de sua receita, além de ter forte presença internacional. O controle acionário é pulverizado, com participação relevante de investidores institucionais e fundos, tendo como principais acionistas a Itaúsa S.A., com 29,58%, e a Cambuhy Alpa Holding Ltda., com 23,77% do total.

- Publicidade -

Veja Mais