Mais um capítulo da disputa institucional entre Palmeiras e Flamengo ganhou repercussão nesta quarta-feira (24/12). Após uma declaração de teor machista feita pelo presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o BAP, contra a jornalista Renata Mendonça, da TV Globo, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, se manifestou publicamente em solidariedade à profissional.
A fala do dirigente rubro-negro ocorreu durante uma apresentação sobre as finanças do clube aos sócios, realizada na sede da Gávea, no Rio de Janeiro, e gerou críticas no meio esportivo. Leila utilizou as redes sociais para se posicionar sobre o episódio e defender a atuação da jornalista.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Leila Pereira, presidente do Palmeiras em coletiva de imprensaReprodução/Instagram: @leilapereira Maior rivalidade interestadual do país nos últimos anos ganhou novos capítulos extracampo.Mariana Sá/Flamengo | Fabio Menotti/Palmeiras BAP proferiu ofensas pessoais contra Renata MendonçaReprodução/TV Flamengo e Divulgação/TV Globo
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Solidariedade e cobrança por postura institucional
Em sua manifestação, Leila lamentou o ataque direcionado à comentarista e cobrou postura exemplar de dirigentes de grandes clubes do futebol brasileiro.
“Minha solidariedade à competente jornalista Renata Mendonça, vítima de um ataque machista feito pelo presidente do Flamengo. De um dirigente de um grande clube, espera-se condutas exemplares, nunca misoginia”, escreveu a presidente do Palmeiras.
Na sequência, Leila ampliou a crítica ao comportamento recorrente no ambiente esportivo e reforçou a necessidade de enfrentamento ao machismo no futebol. “Infelizmente, ainda existem homens que desprezam o trabalho das mulheres no futebol. Mas não vamos baixar a guarda! Seguiremos lutando para mostrar que lugar de mulher é onde nós quisermos!”, constatou.
O ataque à jornalista
A manifestação de Leila ocorreu após BAP ironizar Renata Mendonça ao comentar críticas feitas pela jornalista à estrutura oferecida pelo Flamengo ao futebol feminino. Durante a apresentação, o dirigente se referiu à profissional de forma pejorativa.
“Tem lá a nariguda da Globo que fica falando mal da gente e tudo mais, do futebol, que não estimula (o futebol feminino). Dá vontade de falar: ‘filha, convence a sua empresa a botar R$ 10 milhões por ano, R$20 milhões por ano em direitos de transmissão que aí a coisa fica melhor’”, afirmou.
Em seguida, BAP voltou a abordar o tema ao questionar a responsabilidade financeira dos clubes no desenvolvimento da modalidade. “Pau que dá em João, tem que bater em Maria também. Somos nós que temos que pagar as contas. Olha quanto que a empresa dela (Globo) paga pelo Brasileiro (apontando para um powerpoint com números). Isso eles não falam. O dinheiro da transmissão fica todo com a Globo. É justo?”, declarou.
Contexto das críticas ao futebol feminino
As declarações do dirigente ocorreram após a repercussão de um vídeo divulgado em outubro por Renata Mendonça em parceria com o portal Dibradoras. O material expôs as condições de treino oferecidas ao time feminino do Flamengo e gerou forte reação nas redes sociais.
As imagens mostraram um vestiário em estado precário, com pisos quebrados, presença de lodo e necessidade de reparos. A identificação do espaço se limitava a uma folha de papel A4, enquanto uma lixeira era utilizada para impedir a entrada de terceiros. Em outro momento, a água da pia apareceu com coloração marrom ao ser acionada.
O vídeo também destacou problemas no campo de treino, que possui dimensões inferiores às oficiais (54 metros de largura por 85 de comprimento) além da presença de sacos de lixo no local. Ainda segundo o material, não há espaços destinados à academia e à fisioterapia, e o atendimento fisioterapêutico seria realizado em cima de um bar.
Histórico de embates entre Leila e BAP
O episódio ocorre em meio a uma sequência de trocas públicas de declarações entre Leila Pereira e Luiz Eduardo Baptista ao longo de 2025. Os dirigentes protagonizaram divergências, principalmente relacionadas à Libra e a posicionamentos institucionais envolvendo os clubes.
A manifestação da presidente do Palmeiras acrescenta um novo elemento ao embate, agora em torno de condutas públicas, liberdade de imprensa e respeito às mulheres no futebol.
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