27 dezembro 2025

Brasileira que trabalhou em “Avatar 3” revela bastidores do método de James Cameron

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Uma brasileira está entre os nomes responsáveis por dar vida ao universo de “Avatar: Fogo e Cinzas”, terceiro filme da franquia criada por James Cameron. Radicada em Los Angeles, Melissa Quintas atua como Senior Sequence Lead Artist na Wētā FX, um dos estúdios de efeitos visuais mais respeitados do mundo e peça-chave na construção técnica e artística da saga. Em entrevista ao portal LeoDias, a profissional explica os bastidores de tudo o que transforma Pandora em um lugar mágico, além do sucesso estrondoso da saga.

Para o público fora da indústria, o cargo de Melissa pode ser comparado ao de uma gerente de pós-produção visual. Em produções do porte de “Avatar”, o filme é dividido em blocos de cenas chamados de sequências — e cabe a ela liderar as equipes responsáveis por cada uma delas, acompanhando o processo desde a captura de performance dos atores até a entrega da base criativa que será finalizada pelos estúdios de efeitos visuais.

Veja as fotosAbrir em tela cheia Cena de “Avatar: Fogo e Cinzas”, terceiro filme da franquiaReprodução / YouTube: @20thCenturyStudiosBrasil
Cena de “Avatar: Fogo e Cinzas”, terceiro filme da franquiaReprodução: YouTube/@20thCenturyStudiosBrasil Cena de “Avatar: Fogo e Cinzas”, terceiro filme da franquiaReprodução / YouTube: @20thCenturyStudiosBrasil Cena de “Avatar: Fogo e Cinzas”, terceiro filme da franquiaReprodução: YouTube/@20thCenturyStudiosBrasil Cena de “Avatar: Fogo e Cinzas”, terceiro filme da franquiaReprodução: YouTube/@20thCenturyStudiosBrasil Cena de “Avatar: Fogo e Cinzas”, terceiro filme da franquiaReprodução: YouTube/@20thCenturyStudiosBrasil Cena de “Avatar: Fogo e Cinzas”, terceiro filme da franquiaReprodução: YouTube/@20thCenturyStudiosBrasil

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“Como Senior Sequence Lead Artist, eu faço parte da equipe de animação que dá suporte direto no set durante a captura de performance com os atores. Nosso papel ali é garantir que tudo o que foi planejado funcione na prática e, ao mesmo tempo, já começar a pré-visualizar as cenas dentro de um universo 3D”, explica. Segundo ela, essa etapa permite que o diretor visualize o filme muito antes de ele existir de forma definitiva.

Após as filmagens, o trabalho entra em uma fase ainda mais criativa. “A gente começa a montar as cenas em 3D usando as atuações escolhidas pela edição. Nessa fase, o diretor consegue explorar livremente câmeras, enquadramentos, diálogos, iluminação, cenário e ritmo, tudo em tempo real. É quase como brincar com o filme até ele encontrar a melhor forma de ser contado”, diz.

É a partir dessa exploração que as decisões finais de câmera e linguagem visual são definidas. “Trabalhando lado a lado com os editores e o diretor, vamos refinando cada cena até chegar a uma versão sólida. Esse resultado é repassado como base criativa definitiva para os estúdios de efeitos visuais finais. A gente leva a cena até 80%, e eles adicionam simulações de água, plantas, cabelos, renderizações pesadas e animações extras”, detalha.

Para Melissa, o papel da equipe é essencial na engrenagem criativa do filme. “No fim das contas, a gente junta todas as peças — atuação, câmera, iluminação, cenário e ritmo — para que a história funcione. É como se fôssemos os ‘mestres da cozinha’ do filme, garantindo que todos os ingredientes certos estejam no lugar antes do prato final chegar ao público.”

O perfeccionismo de James Cameron
Conhecido pelo rigor técnico e pela atenção obsessiva aos detalhes, James Cameron acompanha de perto cada etapa do processo. Segundo Melissa, a aprovação de uma sequência com o diretor está longe de ser superficial.

“O Jim é extremamente detalhista e muito presente no processo criativo. Ele presta atenção em absolutamente tudo: desde o tipo de planta que aparece em uma cena, se aquela vegetação realmente cresceria naquele lugar, como a luz chega ali, até em que momento os pássaros do fundo deveriam estar passando”, afirma.

Nada é aleatório. “Cada elemento está ali por um motivo. Mesmo quando ele comenta um detalhe minúsculo, aquilo sempre está conectado à história e à experiência do público. Ele pensa o filme como um organismo inteiro”, completa.

Esse rigor também se estende aos aspectos mecânicos do filme. “Ele tem um conhecimento impressionante sobre barcos e maquinários. Tudo é testado na vida real antes, com equipamentos reais, para depois ser levado ao filme”, diz Melissa.

Apesar de “Avatar: O Caminho da Água” e o terceiro filme terem sido desenvolvidos praticamente em paralelo, Melissa explica que os avanços tecnológicos ficam mais evidentes quando se compara o novo capítulo ao primeiro Avatar, lançado em 2009.

“Hoje conseguimos testar simulações, iluminação e efeitos logo no começo do processo, sem precisar esperar horas por renders pesados”, afirma. Um dos exemplos é o uso do simulcam, tecnologia que permite visualizar, ainda durante as filmagens, personagens digitais inseridos em cenas com atores reais.

“Em Avatar, isso é essencial, porque o filme mistura personagens humanos com personagens totalmente digitais. Além disso, conseguimos planejar movimentos de câmera em 3D e depois reproduzi-los com extrema precisão no set”, explica.

Sensibilidade brasileira em Pandora
Mesmo fazendo parte de uma das franquias mais bem-sucedidas da história do cinema, Melissa diz que há espaço para contribuição pessoal — inclusive influenciada por sua bagagem brasileira.

“A narrativa fala muito sobre família, pertencimento e laços afetivos. Isso me permitiu trazer experiências pessoais para dar mais sensibilidade a cenas emocionalmente importantes”, conta.

Ela também destaca a liberdade criativa do processo. “No meu departamento, que trabalha numa fase muito exploratória do filme, existe bastante espaço para sugerir ideias, testar caminhos e contribuir criativamente. Às vezes, isso inclui até soluções práticas — aquelas famosas ‘gambiarras’ que a gente aprende sendo brasileira — que ajudam o processo a fluir melhor.”

Para quem quiser entender melhor esse universo, Melissa deixa a dica: “Tem um documentário de duas horas no Disney+ sobre o making of desses filmes. Eu até apareço por lá. É a melhor representação do meu dia a dia.”

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