29 dezembro 2025

Infectologista alerta para aumento de casos graves de HIV entre jovens no Acre

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O infectologista Thor Dantas fez um alerta público sobre o crescimento de casos graves de HIV/Aids entre jovens no Acre e defendeu a adoção imediata de medidas mais efetivas de prevenção, diagnóstico e tratamento. O posicionamento foi divulgado em vídeo nas redes sociais durante o Dezembro Vermelho, período dedicado à conscientização sobre a doença.

Na gravação, o médico lembra que a Aids é uma pandemia conhecida há mais de quatro décadas e ressalta que, apesar dos avanços científicos, o cenário atual no estado é preocupante. De acordo com ele, o serviço de referência onde atua registrou, ao longo deste ano, aumento expressivo de internações de pacientes jovens com quadros avançados da doença, incluindo mortes.

“Não é aceitável essa realidade mais em 2025”, afirmou.

Thor Dantas destacou que o HIV é hoje classificado como uma doença crônica, com tratamento eficaz e amplamente disponível. Segundo ele, quando há acompanhamento adequado, a pessoa que vive com o vírus pode manter qualidade de vida e expectativa semelhantes às de quem não tem a infecção.

“Quem se cuida, toma seus remédios e faz seus exames, tem qualidade e tempo de vida exatamente igual a quem não tem a infecção”, explicou.

Mesmo com essas possibilidades, o médico alertou que muitos jovens ainda recebem o diagnóstico tardiamente, quando o vírus já provocou comprometimentos graves à saúde, o que aumenta o risco de internações e óbitos.

Entre as estratégias consideradas urgentes, o infectologista defendeu uma reformulação das campanhas de prevenção, com foco direto na juventude. Para ele, a comunicação precisa ser atual, com linguagem acessível e forte presença nas redes sociais.

“É preciso campanhas modernas e eficientes, usando redes sociais, parcerias com influenciadores, artistas e personalidades”, disse.

Segundo o médico, essas ações devem esclarecer como ocorre a transmissão do HIV, quais são as formas de prevenção, como funciona o tratamento atualmente e quais as consequências da ausência de diagnóstico e acompanhamento médico.

Outro ponto central do alerta é a ampliação da prevenção combinada, especialmente do acesso à PrEP (profilaxia pré-exposição), medicamento que reduz significativamente o risco de infecção pelo HIV. Thor Dantas avaliou que o uso adequado da estratégia poderia evitar muitas das mortes registradas entre jovens.

“Se fosse usada por quem precisa, evitaria um grande número dessas mortes que estamos vendo entre jovens”, afirmou.

Ele lembrou ainda que o Acre foi o último estado brasileiro a implantar a PrEP pelo SUS e que, mesmo após a adoção, o número de usuários permanece baixo. O infectologista defende que o medicamento seja ofertado também na atenção primária, por meio das unidades básicas de saúde.

Além disso, destacou a importância da PEP (profilaxia pós-exposição), que deve ser encarada como uma emergência médica e estar disponível 24 horas por dia em unidades de pronto atendimento.

Para reduzir os diagnósticos tardios, o médico reforçou a necessidade de ampliar a testagem rápida, levando os exames para ambientes frequentados por jovens, como universidades, festas, eventos culturais e locais de grande circulação.

“As pessoas precisam ser estimuladas a se testarem todas as vezes na vida que tiveram relação sem camisinha”, afirmou.

Thor Dantas também defendeu o uso de tecnologias digitais como aliadas na prevenção, com parcerias com plataformas online e aplicativos de relacionamento para divulgação de informações sobre testagem, prevenção e acesso aos serviços de saúde.

“O desafio é grande, mas as ferramentas existem. Precisamos agir. Não é possível mais ver tantos jovens morrendo de uma doença como essa hoje em dia”, concluiu.

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