27 novembro 2024

Maior crocodilo do mundo que viveu no Acre há milhões de anos é redescrito em artigo científico

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Maior crocodilo do mundo que viveu no Acre há milhões de anos é redescrito em artigo científico — Foto: Valter Calheiros/Musa

O estudo sobre o Purussaurus brasiliensis, conhecido como lagarto do Rio Purus, que viveu na Amazônia há mais de 8 milhões de anos, teve um novo artigo científico publicado na semana passada sobre a espécie. A publicação faz um cruzamento de informações sobre a espécie e fortalece as características do maior crocodilo do mundo já registrado.

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Para essa redescrição, foram analisados alguns fósseis do animal achados em anos diferentes, um deles – o mais completo já encontrado – está no laboratório de paleontologia da Universidade Federal do Acre (Ufac). Com isso, ficaram reforçadas algumas características da espécie achada no Brasil, a tornando única.

Segundo os estudiosos, podendo chegar a mais de 12 metros, o Purussaurus foi o maior crocodilo que viveu no planeta em qualquer tempo. O primeiro fóssil do animal foi achado em 1892 às margens do Rio Purus e chegou até as mãos do botânico João Barbosa Rodrigues, responsável pelo Museu de Botânica da Amazônia na época do império e também o primeiro a classificar o crocodilo.

A paleontóloga Lucy Gomes de Souza, do Museu da Amazônia (Musa), uma das autoras do artigo, explica como foi esse processo.

“A gente analisou peças encontradas e comparamos com o material mais completo de Purussaurus brasiliensis conhecido, que é o crânio de mandíbula que estão depositados na Universidade Federal do Acre, onde temos uma mandíbula completa, então, com os estudos dessa mandíbula, a gente conseguiu levantar novas características que são exclusivas da espécie e demonstrar que ela é diferente das duas espécies de purussaurus que já existem, resgatando a parte histórica desses materiais”, explica.

Professor Jonas Filho em 2013 mostrando o fóssil mais completo do Purussaurus, que está na Ufac — Foto: Veriana Ribeiro/G1

O pesquisador e paleontólogo Jonas Filho é coautor do artigo e explica que é comum revisões serem publicadas relacionadas a espécies pré-históricas, já que, conforme mais materiais são estudados, mais detalhes são revelados.

“A primeira vez que ele foi descrito em 1892 pelo seu criador original, o Barbosa Rodrigues, tinha poucas peças, eram placas isoladas, um pedaço de mandíbula que deu apenas para definir essa nova espécie, que chamou de Purussaurus, que significa lagarto do Rio Purus brasileiro, mas ele apenas mencionou que era um jacaré grande, foi o que ele concluiu naquela época. Depois novos achados foram feitos e a partir daí surgiu uma avaliação muito mais abrangente do Purussaurus. Então, esse trabalho novo junta a análise desses materiais e permite a gente conhecer um pouco mais da espécie”, pontua.

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O que estudos apontam, até o momento, sobre o Purussaurus brasiliense, que ele seria um parente distante do jacaré-açu. Ele ocupava a Amazônia ocidental e foi o maior crocodilo já registrado em todo o mundo.

Ele podia passar dos 12 metros. A mordida do Purussaurus era duas vezes mais forte que a do Tiranossauro Rex, o mais notório dos dinossauros. O jacaré pré-histórico, segundo as pesquisas, precisava comer uma média de 40 quilos de carne diariamente.

“Tem registros dele na Venezuela, mas nenhum dos exemplares é compatível com os brasilienses, eles foram os maiores, o maior já conhecido no mundo”, enfatiza o paleontólogo.

Na Amazônia miocênica, o Purussaurus comandava, mas o surgimento da Cordilheira dos Andes, que teve um impacto profundo no meio-ambiente do continente inteiro, e ainda mais dramático na região amazônica, fez com que ele ficasse extinto e esquecido por muitos anos.

Mandíbula de Purussauro achada por menino em 2019 foi levada à Universidade Federal do Acre, em Rio Branco, e aguarda estudos — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Na Ufac também está guardado mais um fóssil que pode ser do animal. O material foi achado em 2019 pelo pequeno pequeno Robson Cavalcante, que tinha 11 anos na época. O fóssil estava enterrado às margens do Rio Acre, no município de Brasileia, no interior do estado.

Logo depois, a mandíbula que foi achada foi levada para o laboratório da Ufac e ainda aguarda os estudos que deve a descrever.

“O material continua envolto no gesso como foi retirado do campo, nenhum estudo junto a ele foi feito, mas tem proporções iguais a esse que está na universidade. Segue à espera de estudos e vai colaborar ainda mais com as informações, podendo se tratar, inclusive, de uma espécie diferente e causar especulações de surpresa”, finaliza.

No Musa, há uma cópia do animal em tamanho real — Foto: Valter Calheiros/Musa

 

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