1 outubro 2024

Petróleo volta a disparar, e ação da Petrobras, a afundar na contramão

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O petróleo voltou a disparar, e as ações da Petrobras, a caírem na contramão nesta quinta-feira (17).

Começando pelo começo, o receio de quebra na demanda chinesa esfriou consideravelmente. Os lockdowns seguem impostos contra a covid-19, mas Pequim vai abrir o quando for preciso a torneira de estímulos para sustentar o crescimento da maior economia do mundo. Ou seja, passou a pesar mais o risco de novas quebras de oferta do que na demanda.

A Agência Internacional de Energia deu a letra em relatório nesta quinta (17). Somado aos efeitos conhecidos de cor e salteado nestes mais de dois anos de pandemia e inflação, tem uma guerra na Europa comendo solta. Sanções pesadas em vigor. A falta de oferta do petróleo russo mal começou a ser incorporada aos preços praticados na economia real. O banco Morgan Stanley, nessas condições, aposta em barris de petróleo fechando o segundo trimestre na ordem de US$ 120 cada.

“Os investimentos globais na produção de petróleo, hoje, estão nos níveis do começo do milênio”, explica o economista-chefe da Kínitro Capital, Sávio Barbosa.
Esse processo, diz, é anterior à pandemia. Responde à pressão por maior espaço na matriz energética global a fontes renováveis. “Agora, na pandemia, esses investimentos que não foram feitos fazem falta. A oferta tem dificuldade em se reequiparar à demanda, que cresce numa velocidade muito rápida com a reabertura das economias e o avanço da vacinação. E, para completar, veio a guerra. Dito isso, trabalho hoje com o petróleo flutuando entre US$ 100 e US$ 120 por barril nos próximos meses.”

Com esse cenário à mesa, cotações voltaram a andar na direção desse patamar. Contratos futuros mais negociados no mercado futuro londrino saltaram 9%, a US$ 107 por barril. Um prato cheio para as ações da Petrobras, certo? Bulhufas.

Queda de 2,64% para os papéis ordinários (ON, com direito a voto em assembleias). E de 2,66% para preferenciais (PN, com preferência por dividendos). Já as ações da PetroRio dispararam 8,16%; e as da 3R, 4,56%.

Sim, o descompasso das ações da Petrobras em relação ao restante do mercado de petróleo nesta quinta, mais uma vez, teve a assinatura do presidente da República, Jair Bolsonaro.

 

A estatal descongelou recentemente seus preços? Sim, mas não dá para confiar que não passarão mais 57 dias ou mais congelados? Bolsonaro não se furta em demonstrar contrariedade com o reajuste. Amanhã ou depois, admite, pode colocar no olho da rua o general Joaquim Silva e Luna. Escolhido para o cargo, diga-se, pelo presidente faz um ano. Quando o economista Roberto Castello Branco se negava a ceder aos apelos do chefe do Executivo em favor dos caminhoneiros.

Guilherme Ishigami, operador da mesa de renda variável da RJ Investimentos, explica que, diante do risco de interferência nos preços alimentado pelo presidente, a ação da Petrobras perde a oportunidade de acompanhar dias de rali de petróleo.

“A alta do barril deveria, em princípio, ser positiva para a companhia e seus ativos, porque poderia ser convertida em maiores receitas”, diz. “Mas seja por pressão política, seja da própria população, há um pedido para que não se repasse esse aumento para o preço dos combustíveis. Mas, a partir do momento que se cede a essas pressões, a Petrobras amarga prejuízo operacional muito grande. E o mercado acaba refletido esse risco, ao contrário das demais ações do setor.”

Na mesma linha de raciocínio, Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, entende que não dá para ter ilusões de céu de brigadeiro ao escolher ser sócio da Petrobras.

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