O senador Marcio Bittar (União) fez uma publicação irônica em seu Instagram sobre a fumaça do incêndio florestal do Canadá que se alastrou até os Estados Unidos e a Europa na semana passada. “E se fosse no Brasil?”, perguntou Bittar. A resposta deverá vir em breve com o início da temporada de queimadas na Amazônia. As previsões são horripilantes. Há milhares de hectares de florestas já derrubados desde o final do ano passado esperando o tempo seco para virarem labaredas. No Acre, a secretária de Meio Ambiente e Povos Indígenas (Semapi), Julie Messias, já iniciou um plano de contingência, se antecipando ao desastre anunciado pelos especialistas. Entre eles, vários estrangeiros, para desgosto do senador Bittar, que é relator da CPI das ONGs, que apura a atuação destas entidades na região amazônica financiadas com recursos internacionais.
Ignição
De acordo com a pesquisadora Erika Berenguer, das universidades de Oxford e Lancaster, no Reino Unido, com o El Niño a Amazônia se torna ainda mais quente e mais seca do que ela já está por causa das mudanças climáticas, ou seja, o fenômeno tem um efeito mais forte, porque está agindo em cima de uma floresta que já está modificada em termos de clima. “Além disso, é um ano que a gente sabe que está com muito desmatamento, muita derrubada que não foi queimada, o que significa que vai ter muita fonte de ignição, muito fogo de desmatamento que pode escapar para dentro das florestas”, explica ela.
Fumante
Se a fumaça das queimadas da Amazônia chegar até a Europa ou ao Canadá será novidade, mas é sabido que já chegou até São Paulo num passado recente. E o Acre também já recebeu muita fumaça importada da Bolívia. Tanto que o ex-presidente do Imac, Edgard de Deus, chegou a cunhar uma célebre expressão, chamando o Acre de “fumante passivo” da fumaça das queimadas do país vizinho. O comportamento do fogo em 2023, porém, tende a escapar totalmente do controle, quando a queimada efetuada pelo produtor rural passa a ser denominada, tecnicamente, de incêndio florestal, como o do Canadá, e que também ocorre com frequência na Flórida (EUA) chegando até a alcançar áreas urbanas de algumas cidades.
Front
À secretária Julie Messias cabe a difícil tarefa de prevenir o que promete ser a maior temporada de incêndios florestais já vista no Estado do Acre e na Amazônia. Desde o mês de maio, técnicos da Secretaria de Meio Ambiente e Povos Indígenas (Semapi) e do Imac (Instituto de Meio Ambiente do Acre) vêm percorrendo os municípios entre o Bujari até Tarauacá levando orientação aos produtores rurais para a prevenção do desmatamento e das queimadas. Os encontros contam com a participação de representantes da Coordenadoria de Educação Ambiental da Semapi (CEA/Semapi) e da Divisão de Difusão e Educação Ambiental do Imac (DDEA/Imac).
Multiplicação
A primeira reunião ocorreu em Tarauacá, no dia 30 de maio. As equipes concordaram em fornecer suporte para conscientização relacionada às ações preventivas, além de capacitação técnica para multiplicadores em Educação Ambiental. No dia 1º de junho, ocorreu uma reunião em Feijó, onde foram solicitadas, além das ações mencionadas anteriormente, a realização de oficinas de educação ambiental nas escolas e a formação técnica de multiplicadores durante o Festival do Açaí. No dia 2 de junho, também em Feijó, os profissionais se reuniram com a Promotoria de Justiça para discutir as atividades que estão sendo realizadas para coibir crimes ambientais. Foi acordado que Semapi e Imac participarão, nos dias 23 e 24 próximos do programa Ministério Público na Comunidade, cuja temática será “Meio Ambiente”.
Sindicato
A cidade de Manoel Urbano recebeu as equipes da Semapi e do Imac no dia 5 de junho para uma série de ações preventivas nas escolas. Na mesma oportunidade, o Imac concluiu um mutirão de licenciamento e regularização ambiental. Em Sena Madureira, ocorreu uma reunião na terça-feira, dia 6, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, onde gestores e comunidade solicitam atividades de conscientização nas escolas e uma ação preventiva de desmatamento e queimadas na zona rural, apresentando alternativas viáveis que não envolvem o uso do fogo. No município de Bujari, também foi realizada uma visita na quarta-feira, dia 6, e foi firmada uma parceria com oficinas de educação ambiental nas escolas, capacitação de multiplicadores e um mutirão de licenciamento e regularização ambiental.
De acordo com Julie Messias, a Semapi e o Imac continuarão promovendo ações para conscientizar a população e fornecer suporte aos municípios. “Estamos agindo de forma preventiva para combater os ilícitos ambientais. É o dever de todas as instâncias de governo e, juntos, poderemos ter mais eficiência e eficácia em nossas ações”, disse ela. Julie carrega o sobrenome Messias, o mesmo da família do governador, o que suscita interpretação de que sua nomeação é mais política e levanta dúvidas quanto à sua capacidade técnica. Para dirimir dúvida, portanto, basta levantar a ficha da jovem no Linkedin, plataforma de mídia social focada em negócios e emprego. Ela é militante de carteirinha do site, onde seu currículo ocupa uma página inteira, junto com textos que ela posta frequentemente.
Carreira
Consultora ambiental de profissão, Julie Messias e Silva possui experiência há mais de 10 anos na área ambiental, foi secretária da Secretaria Nacional de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, secretária substituta da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais (Deco/SAS). Foi chefe da delegação brasileira na COP 15 de biodiversidade da ONU, e coordenadora do pavilhão do Brasil nas COPs Clima 26 e 27. Julie foi escolhida pelo próprio governador Gladson Cameli (PP) para gerir a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Povos Indígenas (Semapi). No momento, Julie está comemorando a aprovação pela Câmara Federal da lei que permite a concessão à iniciativa privada da exploração do comércio de carbono da floresta amazônica.
Cria
“Por na balança o estoque, a manutenção da floresta em pé, com a justa repartição de benefícios, é um dos caminhos que devem ser adotados para a garantia da conservação das florestas e biodiversidade. A MP (Medida Provisória), agora lei, que considera concessão para o carbono de florestas públicas é fruto de um processo de escuta e trabalho técnico. Fico feliz em ter feito parte desse processo e entender que a devida implementação pode trazer benefícios significativos para a Amazônia”, escreveu Julie Messias em sua página no Linkedin. Ele se refere à lei sancionada pelo presidente Lula em 25 de maio passado. Empresas privadas poderão explorar, de forma sustentável, atividades não madeireiras, além de aproveitar e comercializar créditos de carbono em florestas de concessão pública através de licitação.
Vitrine
O secretário de Governo, Alysson Bestene, representou o governador Gladson Cameli em algumas solenidades de inauguração nos últimos dias, numa clara demonstração de que o secretário está tendo sua visibilidade impulsionada pelo chefe visando às eleições de 2024. Na última sexta-feira (17), por exemplo, Alysson comandou a inauguração das obras de revitalização do Memorial dos Autonomistas e seus anexos, Teatro e Café do Teatro. A obra foi executada pela FEM (Fundação Elias Mansour), cujo presidente, Minoru Kinpara (PSDB), também deverá concorrer à Prefeitura ano que vem. Alysson rasgou elogiou ao futuro concorrente, Minoro Kinpara, com diplomacia e habilidade, durante seu discurso na solenidade de inauguração, que foi bastante concorrida.
Mosca
O deputado Luiz Gonzaga (PSDB), presidente da Aleac, também participou da inauguração do Memorial dos Autonomistas e é visto com frequência nas solenidades protagonizadas pelo governador Gladson Cameli. No fim da semana passada, Gonzaga esteve na inauguração do aeródromo de Feijó e em agendas em Cruzeiro o Sul, sempre ao lado do governador, ficando evidente que já foi picado pelo mosquito que contamina os presidentes da Aleac e os faz ambicionar a aventura de virar deputado federal ou senador, como Sérgio Petecão, mas que nunca deu certo para José Bestene, Edvaldo Magalhães , Elson Santiago ou Ney Amorim.
Point
A reinauguração do Café do Theatro, com H, remete às lembranças de sua primeira inauguração, em 2006, último ano do segundo mandato do governador Jorge Viana e ano em que o elenco da rede Globo invadiu Rio Branco para gravar a minissérie da acreana Glória Perez, “Amazônia, de Galvez a Chico Mendes”. Boteco sofisticado e caro, o Café do Theatro parece ter sido projetado especialmente para o elenco da Globo e seus fãs que tinham dinheiro para frequentar e chegar junto dos astros e estrelas. E pedir para fazer selfies quando as redes sociais ainda engatinhavam. Deste encontro Globo x povo, logo se alastraram os mais variados boatos, como causos de atores descendo as escadarias do Preventório atrás de “mela” e gente levando fora das estrelas globais que então estavam nas capas da Playboy como Giovanna Antonelli. A atriz foi considerada a mais marrenta. Consta que um jovem se aproximou da estrela que estava só em uma mesa e pediu para fazer uma foto. Ela teria se levantado e sugerido para que o rapaz fotografasse a mesa e dissesse que ela estivera sentada ali.
Memória
Em seu discurso na reinauguração do Memorial dos Autonomistas, o secretário de Governo, Alysson Bestene comentou que o prédio é considerado pelo governador Gladson Cameli como o quarto símbolo do Estado do Acre, junto com a bandeira, o brasão e o hino. De fato, o monumento remete à luta pela emancipação política do Território Federal, finalmente conquistada em 15 de junho. O que significou a ampliação do espaço político no Estado com a criação da Assembleia Legislativa e favorecendo o surgimento de novas lideranças e oligarquias, até então descontentes com a imposição de governadores feita pelo presidente da República. O último governador vindo de fora foi José Altino Machado, nomeado entre março e setembro de 1961. O deputado federal Rui Lino foi o último governador do Território Federal do Acre, sendo substituído por José Augusto de Araújo, vitorioso na contenda de outubro de 1962 contra o senador Guiomard dos Santos, considerado o pai do movimento autonomista.
Sabor e saberes
A “chef” Maria Damiana Silva, do Restaurante Crôa Sabor e Lenha, representou a gastronomia acreana na 11ª Feira Internacional de Turismo da Amazônia (Fita), que aconteceu em Belém (PA) entre os dias 15 e 18 de junho no Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. Maria Damiana faz sucesso com seu restaurante, localizado na comunidade do Rio Crôa, às margens da BR-364 em Cruzeiro do Sul. Participam do evento, o secretário de Turismo e Empreendedorismo, Marcelo Messias e a chefe da Divisão do Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), Risoleta Queiroz. “O nosso estande tem sido muito visitado, as pessoas tem muito interesse pelos produtos regionais que trouxemos pra degustação e também pelos destinos turísticos do estado”, disse Risoleta.
Seict
Organizado pela Secretaria de Turismo e Empreendedorismo (Seict) o estande do Acre na Feira Internacional de Turismo da Amazônia (Fita) promoveu a degustação de comidas regionais e apresentação de destinos turísticos no Estado como o Parque Nacional da Serra do Divisor e o calendário de festas indígenas e cerimônias religiosas. Neste ano, a feira teve como tema “Turismo e Bioeconomia, um novo paradigma para a Amazônia”. Realizado pelo governo do Pará, o evento é considerado o maior de turismo da região Norte do Brasil e tem como objetivo, reunir outros estados brasileiros e representantes de países vizinhos, agentes de viagem, rede hoteleira, operadores de turismo, e demais atores do setor turístico, para discutir as potencialidades do turismo e as tendências na busca por soluções para o desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Por: ContilNet.