11 outubro 2024

Tragédia anunciada do sistema penitenciário acreano: Ignorando alertas e pagando o preço

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Por Adriano Marques

Há anos, venho levantando minha voz para denunciar as condições precárias do sistema penitenciário no Acre. A falta de recursos, o baixo efetivo de servidores, os desvios de função e a remuneração insuficiente têm sido questões constantes, amplamente ignoradas pelas autoridades ocupantes de altos cargos comissionados do governo.

Recentemente, tive a oportunidade de publicar um artigo no site AcreNews sobre as Estratégias Integradas de combate ao crime organizado. O intuito era trazer à tona a necessidade de ações efetivas para enfrentar a crescente onda de criminalidade que assolava o estado. Entretanto, ao invés de acolherem as críticas construtivas e reconhecerem os problemas existentes, as autoridades reagiram com desdém e descrença.

Acusaram-me de buscar apenas curtidas em redes sociais, desqualificando a seriedade das minhas preocupações e o real propósito do meu trabalho. Por trás dessas acusações infundadas, estava a tentativa de desacreditar minhas denúncias e manter uma fachada de normalidade, como se o sistema penitenciário estivesse sob controle.

Entretanto, minha experiência em análise de cenários e minha dedicação ao serviço público me permitiam enxergar além das aparências. As condições de trabalho dos agentes penitenciários eram desumanas, com equipes reduzidas enfrentando superlotação e péssimas instalações carcerárias. A falta de investimento e de planejamento no sistema tornava impossível alcançar resultados positivos.

Infelizmente, a tragédia que tanto alertei acabou por se concretizar. O sistema penitenciário não suportou a pressão crescente, e um motim de grandes proporções eclodiu em uma das unidades prisionais do estado. A falta de estrutura e a negligência por parte das autoridades agravaram a situação, resultando em mortes e ferimentos graves tanto entre os detentos quanto entre os policiais penais que arriscam suas vidas diariamente.

Essa tragédia anunciada poderia ter sido evitada se as denúncias tivessem sido tratadas com seriedade e se medidas adequadas tivessem sido tomadas a tempo. No entanto, preferiram ignorar os problemas, colocando em risco não apenas a vida dos servidores do sistema penitenciário, mas também a segurança da população em geral.

É fundamental que as autoridades reconheçam seus erros e assumam a responsabilidade pelas falhas que levaram a essa calamidade. A população merece um sistema penitenciário eficiente.

Além disso, é essencial valorizar e dignificar o trabalho dos servidores penitenciários, oferecendo condições adequadas e remuneração justa pelo serviço prestado. Somente com um comprometimento real e ações efetivas será possível evitar novas tragédias anunciadas e construir um sistema penitenciário verdadeiramente justo e seguro para todos.

 

 – Adriano Marques, é Comissário de Polícia da Polícia Penal do Estado do Acre, Membro da Associação Internacional de Polícia, Bacharel em Direito pela UNINORTE, com MBA em Diplomacia, Políticas Públicas e Cooperação Internacional pela Faculdade INTERVALE, MBA em Administração Pública pela FACUMINAS, especialização em CSI – Crime Scene Ivestigation pela Faculdade FACULESTE, pós-graduações em Inteligência Policial, Direito, Segurança Pública e Organismo Policial pela Faculdade IGUAÇU.

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