28 novembro 2024

Descontrole ambiental: mais de quatro mil búfalos selvagens devastam reservas em Rondônia sem monitoramento

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Cerca de cinco mil búfalos selvagens, sem qualquer monitoramento ou controle, estão causando desequilíbrio ecológico em pelo menos três reservas ambientais em Rondônia. Estes animais, classificados como “exóticos” e invasores, têm devastado a vegetação, alterado o curso de rios e contribuído para a extinção de espécies nativas, sem que haja um projeto governamental para conter a situação.

Inicialmente, o rebanho era composto por pouco mais de 60 animais, que foram introduzidos na Fazenda Pau D’Óleo há mais de 50 anos. O projeto, voltado para a criação de búfalos para comércio e consumo de carne e leite, além de servir como força de tração para movimentar a economia local, foi abandonado por não apresentar os resultados esperados.

Os búfalos, nativos da Ásia, encontraram no Vale do Guaporé um ambiente propício para a reprodução, resultando em uma população que atualmente ultrapassa quatro mil cabeças. Sem monitoramento adequado, o rebanho invadiu outras áreas de conservação, incluindo a Reserva Biológica (Rebio) Guaporé e a Reserva Extrativista (Resex) Pedras Negras, impactando gravemente o ecossistema.

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam) afirma que não há qualquer projeto em andamento para monitorar, controlar ou erradicar os búfalos. Enquanto isso, os animais continuam causando danos ambientais significativos, incluindo extinção de espécies, mudanças na vegetação e impactos nos corpos d’água.

Os búfalos, que se tornaram selvagens devido ao abandono por décadas, agora vivem sem contato humano e desenvolveram um “modo de sobrevivência selvagem”. Essa situação os classifica como “espécies exóticas invasoras”, ameaçando habitats naturais e a diversidade biológica.

A área dentro da Reserva Biológica do Guaporé foi descrita como um “deserto verde”, onde a vegetação nativa foi significativamente reduzida pela presença dos búfalos. Além disso, eles alteraram o curso dos lagos, criando novos canais que comprometem o fluxo da água e afetam o ambiente.

Embora um Projeto de Lei tenha sido sancionado em 2016 para regulamentar o abate de búfalos no Vale do Guaporé, visando conter os impactos ambientais, a Sedam alega que a legislação não se aplica à Rebio Vale do Guaporé por ser uma Unidade de Conservação Federal. Assim, até o momento, nenhuma ação foi tomada para remover os animais.

Atualmente, a Sedam está conduzindo um levantamento bibliográfico para propor estratégias que possam controlar e erradicar a população de búfalos nas Unidades de Conservação Estaduais afetadas. Até a última atualização, não houve retorno por parte da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Icmbio) e do Ministério do Meio Ambiente em resposta ao contato do G1.

Por G1.

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