18 abril 2024

Chineses identificam, em porcos, vírus de gripe com potencial de gerar nova pandemia

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Derivado do influenza H1N1 demonstra forte capacidade de contaminar humanos e 338 trabalhadores da indústria suína já estão infectados

Cientistas chineses anunciaram nesta segunda-feira (29) que identificaram um subtipo de vírus da gripe em porcos com potencial para gerar uma nova pandemia. Segundo os pesquisadores, o novo patógeno é uma variedade predominante do vírus influenza, encontrado em fazendas de suínos de dez regiões da China desde 2016, e a sua contenção requer medidas “urgentes”.

O grupo liderado por Honglei Sun, da Universidade Agricultural da China, publicou uma descrição do vírus na revista científica “PNAS”, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Classificado num estudo com a sigla “G4 EA” (genótipo 4 da variedade Eurásia/aviária), o vírus é um derivado do H1N1, grupo de vírus do qual um outro subtipo causou a pandemia de gripe de 2009, que matou cerca de 250 mil pessoas no mundo.

Um dos aspectos mais preocupantes, afirmam os cientistas, é que diversas evidências indicam que o novo vírus já parece ter alta capacidade de infectar humanos. A primeira delas é que o vírus tem estrutura biomolecular parecida com a variedade que causou a pandemia de 2009.

O vírus também infectou bem células humanas cultivadas em laboratório e furões, mamíferos que tem padrão de vulnerabilidade similar ao humano. Além disso, os exames de anticorpos feitos em trabalhadores da indústria da carne suína chinesa mostraram que vários deles já haviam sido infectados pelo novo vírus.

O monitoramento de vírus em porcos é um trabalho de rotina da vigilância em gripe na China por serem animais onde tipos diferentes de influenza se misturam e adquirem novas características. No entanto, poucos vírus recebem uma classificação de risco para humanos elevada como o do G4 EA H1N1. O novo vírus é apontado como o mais perigoso entre 179 vírus de gripe suína identificados pelos cientistas entre 2011 e 2018.

“Controlar os vírus G4 EA H1N1 prevalentes em porcos e monitorar populações humanas, especialmente trabalhadores na indústria da pecuária suína, são medidas que devem ser implementadas com urgência”, diz o comunicado do grupo de pesquisadores.

 

Por Ricardo Ribeiro, com agências internacionais

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