19 abril 2024

O que se sabe sobre assassinato de estudante de jornalismo durante calourada na UFPI

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Janaína da Silva Bezerra, 22 anos, estudante de jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI), foi morta durante calourada na instituição. A polícia afirma que a jovem foi assassinada após ser estuprada e teve o pescoço quebrado. Thiago Mayson da Silva Barbosa foi preso suspeito do crime.

Veja o que se sabe sobre o caso:

  1. Onde e quando aconteceu?
  2. Quem é a vítima?
  3. Qual a causa da morte?
  4. Quem cometeu o crime?
  5. A calourada era autorizada pela universidade?
     

    A jovem Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos, chegou morta ao Hospital da Primavera, localizado na Zona Norte de Teresina. Ela apresentava lesões no rosto e em diversas regiões do corpo.

    De acordo com o delegado Francisco Costa, o “Barêtta”, coordenador do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), a jovem foi violentada em uma sala do Programa de Pós-Graduação em Matemática, no Centro de Ciências da Natureza (CCN) da UFPI. No local, foram encontrados uma mesa e um colchão com vestígios de sangue. Os materiais foram apreendidos.

    Thiago Mayson da Silva Barbosa, suspeito do crime, possuía as chaves da sala.

    “As chaves ficam com os funcionários, mas alguns estudantes, por morarem longe e no outro dia ter que fazer um trabalho, ter que utilizar o computador, às vezes utilizam a sala. No caso, o agressor tinha a chave da sala. Mas, em geral, não é uma política adotada”, informou um representante do Diretório Central dos Estudantes, Fábio Andrade.
    Ainda segundo o delegado, um laudo preliminar do Instituto de Medicina Legal de Teresina (IML) confirmou violência sexual contra a jovem. Ela teria sido estuprada e tido o pescoço quebrado.

    Quem é a vítima?
    Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos, era estudante do curso de Jornalismo na UFPI. Ela ingressou na instituição no segundo semestre de 2020 e já estava juntando dinheiro para pagar a festa de formatura.

    Ao g1, a cunhada Andreza Almeida contou que Janaína era uma estudiosa e sonhava em escrever um livro. Ela foi a primeira da família a ingressar no ensino superior.

    “Era muito estudiosa. Só vivia pra estudar. Gostava muito de ler, falava que um dia iria escrever um livro. Assim que entrou na universidade, precisava muito de um computador e, sem ter condições, começou a fazer bolos no pote pra vender e conseguir comprar”, contou.
    Em uma rede social, Janaína compartilhava poemas de autoria própria. A última publicação, feita em 2 de janeiro deste ano, inicia com o verso: “anseio o que o futuro tem pra mim”. Veja abaixo:

    Corpo de jovem morta após calourada na UFPI é velado em Teresina: ‘só vivia pra estudar’ — Foto: Reprodução

    Corpo de jovem morta após calourada na UFPI é velado em Teresina: ‘só vivia pra estudar’ — Foto: Reprodução

    Qual a causa da morte?
    O Instituto de Medicina Legal (IML) emitiu uma declaração de óbito em que aponta que a causa da morte de Janaína foi trauma raquimedular por ação contundente, uma contusão na coluna vertebral a nível cervical, que provocou lesão da medula espinhal e morte. Ou, seja, teve o pescoço quebrado.

    O órgão reforçou que a ação contundente pode ter sido causada “por pancada, torcendo a coluna vertebral ou traumatizando, ação das mãos no pescoço com intuito de matar ou fazer asfixia, queda, luta, dentre outras possibilidades que estão sendo analisadas junto às investigações do caso”.

    Polícia investiga morte de estudante após calourada na UFPI — Foto: TV Clube

    Polícia investiga morte de estudante após calourada na UFPI — Foto: TV Clube

    Quem cometeu o crime?

    Thiago Mayson teve a prisão decretada suspeito de ter matado a estudante de jornalismo na UFPI.  — Foto: Reprodução Rede Social

    Thiago Mayson teve a prisão decretada suspeito de ter matado a estudante de jornalismo na UFPI. — Foto: Reprodução Rede Social

    O suspeito é Thiago Mayson da Silva Barbosa, 28 anos, estudante do mestrado em matemática da UFPI. Ele foi detido no sábado (28) e relatou que Janaína passou mal durante uma relação sexual consensual.

    “O que sabemos é que um vigilante da instituição avistou o rapaz saindo da sala, com a moça nos braços. O vigilante viu as roupas do rapaz sujas de sangue, disse ‘ei, o que tá acontecendo aí?’ e o rapaz disse ‘minha amiga passou mal, tô levando pro hospital’. O vigilante então deteve ele, chamou reforço e, de carro, foi com os dois até o hospital”, contou o delegado Barêtta.

    Na tarde deste domingo (29), durante audiência de custódia, a Justiça decretou a prisão preventiva do suspeito.

    A calourada era autorizada pela universidade?
    A Universidade Federal do Piauí (UFPI) informou que a administração não havia autorizado a festa realizada na sexta-feira (27). Em nota, a instituição afirmou que está colaborando com as investigações e que vai buscar imagens de câmeras de segurança para ajudar. A instituição declarou ainda que desaprova condutas que coloquem em risco estudantes, professores ou funcionários.

    “As festividades que ocorreram nesse intervalo de madrugada de um dia útil para um dia não-útil, a instituição, ao perceber a necessidade de socorro à vida, prontamente, prestou todo o acompanhamento necessário. Como não tínhamos conhecimento formal sobre a necessidade desse evento, nossos seguranças se encontravam fazendo a ronda patrimonial das instalações da universidade”, comentou o diretor de Administração Acadêmica da UFPI, Leomá Matos, em entrevista.

    “Nossa instituição está aguardando os procedimentos de investigação pra que a gente possa identificar em que momento ocorreu essa falha, pra que possamos fazer essa correção. Não conseguimos ainda identificar se houve algum equívoco institucional”, concluiu.
    Segundo o DCE, contudo, as atividades culturais promovidas dentro da instituição nunca precisaram ser diretamente comunicadas, já que são realizadas em espaço destinado às ações estudantis.

    O DCE destacou, ainda, que uma luta antiga do Diretório é mais segurança para os estudantes, que têm constantemente relatado assaltos e outros crimes dentro do campus em Teresina. Conforme a entidade, a guarda da UFPI é majoritariamente patrimonial, e não contempla a necessidade de segurança da comunidade acadêmica.

    Por g1 PI

Veja Mais