23 abril 2024

Governo do Acre combate insegurança alimentar durante férias escolares com Programa Prato Extra

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Nos últimos dias, dona Aureniza dos Santos junta três vasilhas nas mãos e faz uma caminhada curta até a Escola Clínio Brandão, localizada na Estrada da Floresta, em Rio Branco. Ela vai buscar o almoço dos três filhos que ali estudam e que agora, nas férias, estão tendo a oportunidade, junto aos quase 144 mil alunos da rede pública estadual, de receber um almoço nutritivo e gratuito, fornecido pelo governo do Estado do Acre.

Merendeiras da Escola Clínio Brandão durante o serviço do programa Prato Extra. Foto: Mardilson Gomes/SEE

É o Prato Extra, programa que garante, além do lanche, almoço para os estudantes. Durante o período de férias escolares, que vai até meados de março, ele está em pleno funcionamento para fornecer alimentação saudável aos alunos que mais necessitam. Trata-se de um esforço do governo para combater a insegurança alimentar, um problema crítico em todo o Brasil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.

Para dona Aureniza, que já foi aluna da Clínio e que trabalha como autônoma, a refeição complementa a alimentação dos filhos e ajuda a família: “É uma delícia, é uma alimentação balanceada; eu não tenho do que me queixar, só tenho que agradecer”.

Dona Aureniza e filha na cantina da Escola Clínio Brandão. Foto: Mardilson Gomes/SEE

As refeições são organizadas e planejadas pela equipe da Divisão de Nutrição da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEE). A nutricionista responsável pelo setor e pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) no estado, Lorena Lima, explica que um cardápio especial foi preparado para o recesso.

Segundo a nutricionista, o Prato Extra veio para reforçar o Pnae e tem por objetivo contribuir com o desenvolvimento, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos. Hoje, esses estudantes têm garantido maior percentual das necessidades nutricionais preconizadas por meio do lanche de entrada e do almoço oferecido nas escolas.

Nutricionista Lorena Lima e coordenador administrativo Cézar Melo durante o serviço do Prato Extra. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Oferecer mais uma refeição serve de incentivo para a frequência às aulas, além de retirar das famílias o peso financeiro de fornecer uma refeição nutritiva e fresca diariamente. “A alimentação escolar também é um compromisso com a qualidade da educação”, observa Lorena.

Nesta primeira semana de recesso da Clínio Brandão, uma média de 80 estudantes tem comparecido por dia. Além de ceder o espaço para o almoço, a escola deu a opção aos alunos de levarem sua porção para casa, por isso, quem passar pela escola, verá muitos pais indo até a unidade com vasilhas nas mãos, buscando alimentação para os filhos que ali cursam o ensino fundamental.

Prato montado oferecido nesta quinta, 9, aos estudantes da Escola Clínio Brandão. Foto: Mardilson Gomes/SEE

O coordenador administrativo da unidade escolar, Cézar Melo, afirma que neste momento a prioridade da equipe é a alimentação das crianças. “Para nós é muito gratificante ver os pais e os alunos retornando à nossa escola no recesso, para vir buscar o alimento”, afirma.

Outra escola que também está trabalhando com essa prioridade é a João Paulo II, localizada na região da Baixada da Sobral, também na capital. Ali, a média é de mais de 150 alunos por dia. Para Larissa Caroline Mendonça, mãe de Davi Rafael, do terceiro ano do ensino fundamental, a alimentação veio em uma boa hora. “É uma bela iniciativa. A gente sabe que a nossa comunidade é carente. Aqui temos crianças que vêm para a escola com essa necessidade, além do ensino, de alimentação”, relata.

Alunos da Escola João Paulo II levam almoço para casa. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Quem também aprova a iniciativa é Sofia Gabriele dos Santos, que junto com Davi cursa o terceiro ano na João Paulo II. A pequena estudante conta que o lanche e o almoço servidos na escola são sempre saborosos e quando questionada se gosta de estudar na unidade, a resposta é rápida: “Gosto de estudar, mas gosto mais da merenda”.

Segundo dados recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 30% das crianças e adolescentes no Acre enfrentam insegurança alimentar. Isso significa que eles não têm acesso regular a uma alimentação saudável e equilibrada, o que pode afetar negativamente seu desenvolvimento e bem-estar.

Sofia Gabriele: “Gosto de estudar, mas gosto mais da merenda”. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Anteriormente à implantação do programa, durante as férias escolares, o problema ganhava um agravante, pois os estudantes perdiam o acesso às refeições gratuitas oferecidas nas escolas. Além disso, muitos pais trabalham e não têm tempo para preparar refeições saudáveis para seus filhos, o que pode levar a uma dieta pobre em nutrientes e pouco equilibrada.

Francieude Ribeiro, merendeira da Escola Tancredo de Almeida Neves, também localizada na Sobral, relata que oferecer alimentação aos estudantes durante as férias é um ato de amor de quem administra o Estado, a educação e as escolas, e de quem prepara os alimentos. “Mesmo com essa crise que está no país, graças a este trabalho, a gente tem a oportunidade de proporcionar comida àqueles que estão querendo alimentação. É um trabalho prazeroso, que a gente faz com amor”, revela.

Merendeira Francieude Ribeiro durante do serviço na Escola Tancredo de Almeida Neves. Foto: Mardilson Gomes/SEE

O gestor da unidade escolar, Laézio Santos, conta que a média de alunos que buscam alimentação na Tancredo é de cerca de 150 estudantes por dia. A grande procura ocorre porque 90% deles moram nas proximidades da escola. “A comunidade está vindo almoçar. Alguns alunos comem na escola, outros preferem trazer a vasilha. A ação está sendo um sucesso”, celebra o gestor.

A insegurança alimentar é uma questão preocupante no Brasil. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018, cerca de 12,5% da população brasileira sofre com insegurança alimentar. Na Região Norte, esse número é ainda maior, chegando a 21,3%.

O oferecimento do almoço se estenderá durante todo o período do recesso escolar. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Outra pesquisa, realizada pela Universidade Federal do Pará, apontou que a desnutrição é um problema comum na região, afetando cerca de 33% das crianças. Além disso, a pesquisa destacou que a falta de acesso a alimentos saudáveis é um dos principais fatores que contribuem para o problema.

Além da manutenção do programa Prato Extra nas férias, o governo do Acre já havia implementado outras ações para combater o problema da insegurança alimentar, como a distribuição de alimentos que seriam usados na merenda às famílias dos estudantes durante o período de isolamento social decorrente da pandemia da covid-19.

O secretário de Estado de Educação, Aberson Carvalho, afirma que o Prato Extra é o maior programa social do governo e convida todos os alunos que tenham interesse ou necessitem de um almoço balanceado a comparecer à sua escola neste período de férias escolares. “Os alunos são nossa prioridade”, assegura o gestor.

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