No decorrer de um ano marcado por eventos climáticos extremos, o estado do Acre enfrentou uma das maiores enchentes de sua história, seguida por uma prolongada estiagem. Como consequência dessas condições, os acidentes fatais em rios e igarapés registraram um aumento preocupante. Um levantamento realizado pelo Corpo de Bombeiros revela que, entre janeiro e 15 de outubro de 2023, foram contabilizadas 74 mortes por afogamento em todo o estado.
Os acidentes com vítimas fatais ocorrem em diferentes contextos ao longo do ano. Durante o período de cheia, as enchentes frequentemente resultam em acidentes envolvendo embarcações e ribeirinhos. Em contrapartida, a estiagem e o aumento das temperaturas levam a uma formação de bancos de areia nos rios, atraindo banhistas e resultando em afogamentos.
Os dados alarmantes indicam que, em menos de 10 meses, o número de mortes por afogamento no Acre praticamente alcançou o total de registros do ano anterior. Em 2022, 79 pessoas perderam a vida em decorrência de afogamentos.
Medidas de Segurança
O sargento Bruno Lira de Vasconcelos, do Corpo de Bombeiros do Acre, enfatiza a importância da prevenção para evitar tragédias por afogamento. Ele destaca que, em áreas de banho, a presença de guarda-vidas, tanto militares quanto civis, é essencial, desde que sejam treinados e capacitados. Além disso, Vasconcelos ressalta a necessidade de precaução ao entrar em águas desconhecidas, especialmente se não houver alguém familiarizado com o local. Galhos e áreas de correnteza forte podem representar perigos ocultos.
Durante a cheia dos rios, objetos como pedras e galhos são arrastados pela correnteza, aumentando os riscos. No período de estiagem, locais aparentemente familiares podem conter objetos ou mudanças na topografia subaquática que não são visíveis, tornando os mergulhos arriscados.
Em relação às embarcações, o uso de coletes salva-vidas é aconselhável, independentemente das habilidades de natação dos ocupantes ou da profundidade do local. Também é fundamental respeitar os limites de capacidade das embarcações.
Casos Emblemáticos
O aumento das mortes por afogamento no Acre em 2023 é ilustrado por uma série de casos trágicos. Entre eles, está o afogamento do estudante de medicina João Gabriel dos Santos Lopes, de 19 anos, no Rio Acre, em Brasileia, em julho.
Também em julho, dois meninos, Samuel (11 anos) e Miguel (9 anos), perderam a vida ao se afogar no Rio Japiim, em Mâncio Lima. Em agosto, Antônio Henrique (42 anos) faleceu afogado em um igarapé na comunidade da Foz do Paraná dos Mouras, em Rodrigues Alves.
Em setembro, o adolescente Vanderson da Conceição Gomes (13 anos) morreu ao tentar atravessar o Rio Iaco, em Sena Madureira. No início de outubro, Cauã Ricardo Nascimento Silva (19 anos) desapareceu nas águas do Rio Acre, em Porto Acre, mas foi encontrado dois dias depois.
Nove dias depois, o jovem Eduardo Lima Silva (19 anos) também morreu afogado no mesmo local, em Porto Acre. Finalmente, em 15 de outubro, o adolescente Vitor Páscoa da Silva (12 anos) perdeu a vida enquanto nadava no Rio Juruá, em Cruzeiro do Sul. A importância das medidas de segurança e da conscientização sobre os perigos das águas é evidente nestas tragédias.