A Superintendência do Patrimônio da União (SPU-CE) aprovou a construção da usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, na última quarta-feira (20), gerando preocupações por parte das operadoras de telefonia e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A autorização contraria as recomendações da Anatel, que alerta para riscos potenciais ao funcionamento da internet no Brasil.
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), responsável pelo projeto da usina, assegura que a obra não apresenta riscos ao funcionamento dos cabos submarinos de fibra ótica na Praia do Futuro. O projeto visa construir uma usina subaquática para dessalinizar água, fornecendo água potável principalmente em períodos de seca.
O projeto inicial propunha posicionar as tubulações a 40 metros dos cabos de fibra ótica. No entanto, após a Anatel expressar preocupações, a distância foi aumentada para 567 metros. A Anatel argumenta que essa medida é apenas uma das 11 recomendações do International Cable Protection Committee (ICPC).
A Anatel, que manifestou sua oposição à obra em setembro de 2022, foi notificada sobre a alteração no projeto em agosto de 2023. Em um parecer técnico recente, a Anatel manteve a oposição à construção na Praia do Futuro, recomendando que o projeto seja realizado em outro local.
O próximo passo, segundo a Cagece, é solicitar à Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) a emissão da Licença de Instalação da planta. Após essa etapa, a construção está prevista para começar até março de 2024.
Empresas de telecomunicação temem que a usina possa causar problemas nos cabos submarinos, impactando o serviço de internet em todo o país. O projeto da SPE – Águas de Fortaleza, responsável pela usina, não aborda riscos associados à infraestrutura terrestre e marítima relacionada aos cabos submarinos, conforme destaca a Anatel.
A Cagece reitera que as infraestruturas da usina não representam riscos para os cabos submarinos e que o cronograma de construção está mantido, com previsão para julho de 2024. A obra será realizada por meio de uma parceria público-privada com o consórcio Águas de Fortaleza, com investimento previsto de R$ 3,2 bilhões. O local onde será construída a usina é estratégico, pois a Praia do Futuro é um hub da internet no Brasil, conectando o país à Europa por meio de 17 cabos submarinos. A Anatel ressalta que esses cabos são responsáveis por 99% do tráfego de dados no Brasil.
Via G1 globo.
